Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO!

Comemoremos todos o ano novo!
Brindemos nossas mil prosperidades!

*

Pois José, feliz operário,
Recebeu seu décimo terceiro salário.
Joana, quase louca,
Entrega seu corpo às suas novas roupas.
E Rúbia, na noite escura,
Entrega sua alma por carícias cruas.

Feliz está Alberoni,
Criança robusta a comer panetone.
Sorri, como nunca, Rebeca,
Brincando contente com sua boneca.
E Adão, rapaz desdentado,
Exibe um sorriso por qualquer trocado.

Contente está Seu João,
Deitado, assistindo à televisão.
Marido de Dona Teresa
Com água na boca se senta à mesa,
Enquanto que Terezinha
Fica encarregada de toda a cozinha.

E lá está o Teixeira,
Colocando as carnes na churrasqueira.
Logo veremos Trindade
Bebendo a cerveja que lhe der vontade.
Nessa hora, um grito abafado.
Alguém se lembra de ter escutado?

*

Comemoremos esta vida linda!
Brindemos mais um ano apaixonante!
A festa se inicia com boas vindas,
Termina na piscina de teu sangue.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

POR FALAR NISSO, GRAZIELLE...

Se nos prendem a correntes
É porque nos querem bem.
Se nos sangram, nos golpeiam,
É porque nos querem bem.
Se proclamam aos quatro ventos
Mil verdades visionárias
Das quais nenhuma agrada
É porque nos querem bem.

Se nos puxam pela corda
É porque nos querem bem.
Se ao falar nos dão as costas
É porque nos querem bem.
Se colocam-nos mordaças,
Marcam a ferro nossa alma
E desprezam os anseios
É porque nos querem bem.

Se nos contam cem mentiras
É porque nos querem bem.
Se escondem o que é vida
É porque nos querem bem.
De intenções, assim, louváveis
O inferno já transborda
E a massa ainda concorda
Que é porque nos querem bem.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

NOVÍSSIMA POESIA

Privar-me do pecado é demais insensato,
Sugar-me este veneno, tal meu elixir,
Que tanto evitam pasmos. A mim faz sorrir
Pensar em seu sabor, veneno adorado!

Pudera! A poesia, Louca, desregrada,
É arte, desmantela a lei universal.
Se lhe cercam com altos muros o quintal,
Mirando o olhar ao céu encontra-se estrada!

Sobrevoa a barreira, insurge no infinito,
Anseia o verso mais impuro se preciso,
Derrama-me veneno a me encher de beijos.

Se fosse a outro alguém, seria este aflito
Fugindo do pecado a evitar conflito.
Evitam o pecado, eu tenho-lhe desejo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

TIREM O CHAPÉU PARA A ARTE*

Tirem o chapéu para a arte!
Tirem o chapéu para a arte!

Dela, da arte bela, surge a cura da mazela!
Quem duvida pega o artista e manda para a cela!
E a rua chora o pranto de não ver em nenhum canto
Alguém a musicar o dia, a divertir o menino, a menina,
A enfeitar a avenida, triste avenida perdida entre o cinza!

Hoje o palhaço quer chorar.
A música também chora ao tocar.
Mas a tristeza, oh povo! Ela tem que se findar!
E por isso a arte pede licença e invade!
Bate na porta de nosso peito e faz morada lá dentro.
Toma as ruas com euforia, espalha alegria. ALEGRIA!
E decretam que a alegria foi proibida!

Fizeram da arte um réu!
Mas eu, eu peço que tirem o chapéu!
Tirem o chapéu para a arte!
Tirem o chapéu para a arte!

Pois se eu tirar meu chapéu e deixá-lo aqui, à parte,
Se jogarem uma moeda, que triste verdade:
Serei algemado. Mas se são contra essa maldade,
Não se intimidem: TIREM O CHAPÉU PARA A ARTE!!!



*Poesia feita para expressar repúdio à decisão do prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, de proibir artistas de rua.

CLIQUE AQUI PARA ASSINAR PETIÇÄO EM PROL DOS ARTISTAS DE RUA

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O MUNDO NOS BRAÇOS DE JÚLIA

Júlia subiu o mais alto que pôde,
Correu e pulou, degrau por degrau,
No topo nada lhe fazia mal.
Era imbatível se estava contente.

E quantos sorrisos que Júlia inspirava!
Do alto todos poderiam ver
O pequeno sorriso de Júlia a nascer,
Brotando nos outros a paz que faltava.

A pequena Júlia era dona da vida,
Correndo, com pressa, à felicidade,
Aquela que foge de nosso compasso.

Enquanto é criança, a Júlia, perdida,
Não sabe do mundo e de sua maldade
E abarca o planeta em seu terno abraço.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MARIO E A UVA

Abram alas para a uva passar!
Já não há videiras que possam a deter,
Nem fermentação para alcoolizar
Caminhos mais doces que irá fazer.

Vai passar a banda, vai passar,
Vai passar o som antes do show,
Vai passar a uva a desfilar.
No passado fica o que passou.

Ficará passado quem a ver
Tão pequena, a uva, a exibir
Mil sabores a apetecer
Paladares acres a sorrir.

Nessa passarela passará
Uva a uva, todo o caminho.
Oh, Quintana! Tudo irá passar!
Tudo passa. A uva passarinho?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

COMO DIGITAR UMA POESIA SEM AS TECLAS TIL E CIRCUNFLEXO

Falar de amor? Esqueça!
Como escrever “coraçao”?
Perde-se toda a beleza
E o til da “emoçao”.

Devo apelar ao lirismo?
Só falar de mim, porque
Fico impossibilitado
De escrever sobre “voce”.

Já lhe tirei o chapéu
E nem foi pra cortejar!
Esse teclado quebrado
Fez cortejo em meu lugar.

Mas será mesmo cortejo
Ou falta de “educaçao”?
Pois lhe roubou o chapéu
E mudou a “expressao”.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

GRATIDÃO À POESIA

Quem mil maravilhas encontrar à vista,
Às cores do horizonte entregar o peito,
Descansar ao instante, qual ameno leito,
Quaisquer mil angústias antes tão malquistas,

Quem tirar do ouro o mérito aprovado
De ser ele o brilho mor da existência
Desmentindo fatos, teses ou ciências
Ao brilhar os olhos mais que o dourado,

Quem honrado for com feito tão virtuoso,
Juro não intentar acometer o fato,
Nem ao menos quero demonstrar desdém,

Mas tais olhos estes que brilham ao ato
Subtraem a nada se meus olhos, gratos,
Veem a poesia e brilham mais além.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ALQUIMIAS E QUIMERAS

Morre não, amiga!
Morre não!
Que se morre
Eu que vou ao chão.
Deixo o pranto cair
Junto comigo
E eu, seu amigo,
Penarei sem escrever.
Isso porque, amiga minha,
Não escrevo sem você.

Morre não, amiga!
Morre não!
Que se morre,
Morro de solidão.
E aí não tem mais pranto,
Nem poeta pra chorar,
Nem verso... só o ponto
Que nos finda, amiga.
Morre não! Que me sustenta!
Viva sempre, poesia!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A ÚLTIMA DANÇA DO POETA

Ele imaginou a cortina abrir,
Viu bailar o corpo qual pluma ao ar.
Essa pluma aos lábios lhe foi pousar
E cerrou os olhos, p'ra melhor sentir.

Pois eram seus lábios o palco mais belo
Onde a bailarina, como jamais vista,
Se entregava plena. E brilhou na pista
Ao dançar na boca do rapaz um beijo.

Todo o permitido era imaginar.
Mas sua vontade não quis se calar:
De tanto gritar se fizera rouca.

Ninguém conseguiu ouvir seu penar
E a vida dura quer apresentar
A tal bailarina dançando outras bocas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

POBRE POETA

Oh, pena! Pobre poeta!
O coitado se encantou.
Foi tentar versar a dança
Mas a dança é que o versou.

Agora o pobre poeta
Ao versar logo imagina
Se é ele o autor do verso
Ou se o verso é a bailarina.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

PRODUTO DA TESE DE UM PENSAMENTO AUTORREFUTÁVEL

Pensando em um sentido para o sentimento,
Sentiu-se o deixar de se sentir.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ERA UMA VEZ 1987

Dormi com vinte e dois motivos
Para descansar.
Acordei com vinte e três
Para versar.

domingo, 24 de outubro de 2010

DESPRETENSIOSAMENTE

Hoje quero algo que não lembre nada!
Ao mirar o olhar sobre este vasto céu
Quero olhar mil cores nunca nomeadas
E fazer da paz meu pudico bordel.

Tirar quaisquer vestes desta noite escura,
Escorar-me à estrela de forma indecente
Para que seu brilho, na pureza nua
Junto ao peso meu, faça-se cadente.

Quero que na queda o rastro se espalhe,
Cada parte minha esteja a dançar
Pelo vasto além do além de que me vale.

Que a poesia amanhã não cale!
Tudo que hoje almejo possa realizar
Algo como um beijo que eu possa beijar.

sábado, 16 de outubro de 2010

INVOLUNTARIAMENTE

Eu pensei
Que ela havia dançado,
Mas não!
Ela apenas
Viu uma barata
No chão.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

NÃO ESPERO DE NINGUÉM O GRANDE AMOR QUE TENHO

Não espero de ninguém o grande amor que tenho,
Pois não se encontra em nada amor igual ao meu!
E quando amor qualquer me aparecer do céu,
Não há de ser amor, igual ao meu, tão pleno!

Não há ninguém capaz de amar alguém assim,
Com tanto sentimento que c’o meu condiga.
Eu sigo amando só, beijado pela vida,
Assim não há outrem que ame igual a mim.

Deixei que este amor que tanto a mim consome,
Se posso assim dizer deste ímpar sentimento,
Os versos, tais quais eu escrevo, ele os devore.

Se posso permitir que alguém, por um momento,
Consiga assim senti-lo pelo ar qual vento,
É minha poesia! Amor que jamais morre!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O QUE TRARÁ O DESPERTADOR?

Façam silêncio!
A inspiração que havia
Está dormindo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

POETA É AQUELE QUE DÁ FORMA À MERDA

Se você escreve bem
Sobre amores e belezas,
Sobre prantos e tristezas,
Chamam-te poeta.
Ora, isso é fácil
(Não que eu desmereça)!
Mas quero ver tal destreza
Ao falar de qualquer merda
Que lhe venha à cabeça.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ROSE POMAR

                               dedicado à Kim


Rose, és pomar?
Que vi teu fruto, há pouco,
Dar sabor ao mundo.
E o vi espalhar
Tanta semente
Que, por favor, não tente
Dizer que isto é surto.
Inda esses dias
O fruto que é teu
Semeou no peito
Mais que alegria.
Rose, és pomar!
Quem pode negar,
Se teu fruto é vida
E traz poesia?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

MONTE A SEU GOSTO!

DEI(XA)
                     ESSA
MINHA
                     ALMA...
MEN-
                     -INA...
-TE...
                     TOCAR!

...PARA TI!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O CÉU DA RESISTÊNCIA

No céu
Um brilho se move.
Não é um cometa,
É um molotov.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INVERNO SEM GRAÇA

Inverno sem graça:
Ele coça a cabeça
E então neva caspa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MÉTRICADÊ?

Haikai que faço
Se tento pôr métrica
Carece um peda[...]

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

HAIKAI DESAPONTADO

Ponta da pena
Aponta a pena tonta
Do desaponto.

sábado, 18 de setembro de 2010

COMPOSIÇÃO DO TEMPO ou LAMÚRIA DA INOCÊNCIA

Ele não percebeu o tic tac
Tocando num toque tosco,
Toque todo zombeteiro,
Zum zum zum de desgosto.

Tic tac, tic toca,
Ti que – toc –
Que se toque!

E corre o ponteiro, aponta
A ponta do desespero
Que vem pela frente.
Reaja! Aja!Enfrente!

Tic tac, tic toca,
Ti que – toc –
Que se toque!

Haja paciência
Para a falta de ciência
De que tudo se acaba
Do nada, para o nada.

Tic tac, tic toca,
Ti que – toc –
Que se toque!

Tudo é lindo até agora,
Todo agora é para sempre,
Todo o sempre é muito breve,
Todo breve ri da gente.

Tic tac, tic toca,
Ti que – toc –
Que se toque!

Mas ao menos nesse tempo
Tem poema. Mas no “ao menos”
Tem o medo que se perca
Em um momento a inocência

Que hoje há.
Tic tac tá que tá,
Que seu toque faz chorar.

domingo, 12 de setembro de 2010

LÍNGUA PORTUGUESA

Língua portuguesa,
Vilã rude do Brasil!
Oh! Norma culta,
Vá pra culta que pariu!

Pois de tão difícil
Já te vejo como insulto.
Como te escrever, língua?
Vá tomar no culto!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

LIRISMO INGÊNUO

Há uns nove anos
Tudo que eu escrevia era simples.
Era qualquer paixão de garoto,
Era qualquer timidez bem calada,
Era qualquer desabafo...
Típico de quem tem catorze anos.
Não me importava com rimas,
Não me importava com nada!
O que viesse a cabeça, eu escrevia.
E o tempo passa e exigimos mais de nós.
Aí vem a tentativa do lirismo formal,
Vêm quadras infames,
Vêm rimas infantis,
Vem aquilo que nos envergonha
Quando lemos novamente.
Mas continuamos a busca
Por uma expressão mais bela.
E então vêm odes, elegias, sonetos...
Parece que a expressão não se completa
Se não dermos a ela um ar sofisticado.
Pura ilusão! A expressão é sempre expressão.
E hoje, nove anos depois,
Vejo que meus versos mal escritos
E meus versos trabalhados
São idênticos no que diz respeito à essência.
E para não desmerecer o jeito ingênuo de versar,
Para não dizer que renego minha raiz,
Para confirmar que o poeta está na expressão
E não nos versos em si
(Pois versos sem expressão não é poesia,
Assim como não há poeta sem expressão
E a poesia não precisa necessariamente de versos, só de asas),
Para que eu faça preito à adolescência perdida,
Escrevo esta poesia sem rimas, sem forma,
Sem formalidade, sem beleza.
Assim posso dizer, ao menos por agora,
Que não me importo com a cara que meus versos têm.
Oh! Lirismo ingênuo que não volta mais!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DESARMA-TE, BEATRIZ

Beatriz! Isto é uma arma,
Não apontes para mim!
Desarma-te, tenha calma.
Podes me atingir assim.

Por favor, tende piedade,
Poupa-me de tua mira.
Desarma-te, por caridade,
Antes que isto me fira.

Beatriz, muito cuidado!
Contra isso não há escudo.
Quantos foram machucados
Por conta de teu descuido?

Desarma-te como for,
Ouça este que te fala.
Fecha os olhos, por favor,
Pois são eles tua arma.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PARA NÃO SER SONETO

Por ora estou exausto de escrever sonetos.
Cansado da métrica romântica
Dos versos que suspiram regrados
Em duas quadras e dois tercetos.

Falar de paixões ou algo assim
É algo que, por ora, não me vale.
Senão, certamente, isso seria um soneto.
E já disse que isso eu não quero.

Prefiro escrever algo sobre... algo!
Prefiro escrever algo sobre!
E para não escrever um soneto
Escrevo estes versos sobre sonetos,

Escrevo uma fuga em círculo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

EU, ANTAGONISTA POR BEM

Visto-me de pétalas macias
Da flor do jardim de sacrifícios.
Cada pétala obtida é um espinho
Que fere a pele e então perfuma.

Tão confuso assim é este meu fado,
Tal é meu conforto que me arranha.
Nesta condição nada se ganha
Se o sorriso teu se faz calado.

Mas se sinto vindo teu sorriso
A dor por qual passo nesta hora
É pluma a voar, é passarinho!

E, portanto, vale-me o espinho
Se ferir minha pele, como agora,
P'ra trazer teu riso em meu caminho.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

BILHETE

Prezado leitor que acompanha
Os versos deste desconhecido,
Preciso lhe avisar que fui.
Exatamente! Fui!
E levei a poesia comigo
(Talvez por isso não encontre
Nada de extraordinário por aqui).
Não sei quando retorno,
Mas deixei na geladeira
Uns poemas passados.
Pode abri-la e ficar à vontade.
Talvez sejam restos, só restos.
A outra parte eu devorei.
Agora quero fazer a digestão
(Algumas coisas são difíceis de digerir).
Pegarei o próximo voo
Que sai agora da plataforma
Dos pensamentos e anseios.
Por favor, não me espere!
Eu mesmo já não aguento esperar.
Por isso fui.
Não se preocupe. Estou bem.
E por isso parti
Antes que algo me aborreça.
Talvez, ao ler esse bilhete,
Eu já esteja longe.
Já estou longe! Nem mesmo vejo onde.
De qualquer forma, obrigado.
Quando eu voltar lhe escrevo uma poesia...
Se eu voltar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SUMINÍCIO

Dar-me-ei um sumiço
Que se finda noutro início.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O ÚNICO SER INFERIOR É O QUE SE JULGA SUPERIOR

...E em ato de puro sadismo
Uns matam outros. E o egoísmo
Nos faz jogados a um abismo.
Ah! Que se foda o especismo!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DEIXA-ME FINGIR NÃO TE QUERER

Por ora, deixa-me fingir não te querer.
Deixa-me curtir minha falsa condição.
Deixa-me sentir e ouvir qualquer canção
Moldando o som para não parecer

Que as notas a soar são como teu sorriso,
Que a música a tocar é dança e encanto.
Deixa-me fingir curtir meu desengano
E assim versar qualquer outro caminho.

Deixa-me fingir que estás fora da mente,
Que meus olhos vagos não buscam mais cores,
Cores tuas que o brilho no olhar revela.

Deixa-me fingir um tanto o suficiente
Para que sufoque estes meus dissabores
Ou traga-me teus lábios, ilusão mais bela!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

OUVI DIZER...

Ouvi dizer que estou apaixonado. Mas eu nunca acreditei em boatos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ORA, BÁRBARA, FRANCAMENTE!

Serei franco em lhe contar
Porque eu já não aguento
Esse tal de você morar
Em meus versos e pensamentos.

Com que direito, Bárbara,
Você invadiu minha mente?
E de tão acomodada
Tornou-se, assim, tão presente?

Olha, Bárbara, veja bem,
Eu sei que não é culpa sua,
Mas não vejo mais ninguém
Pra eu expressar minha desventura.

Já não posso suportar
Essa coisa que me espanta:
Coração fica a dançar
Quando lembra sua dança.

O pior é que tentei
Dizer: “Peito, pare quieto!”,
Mas ele fica a pular
Quando pensa em ti por perto.

Ora, Bárbara, me desculpe
Se estou sendo invasivo,
Mas eu quero que se atente
Pra saber como me sinto.

Eu fico até sem graça,
Sinto que voltei no tempo,
Como se a adolescência
Retornasse a este momento.

Fico, então, a imaginar
“O que gosta? O que faz?
Quem será essa garota?”
Eu queria saber mais!

Mas já foge do controle
Essa tal situação!
Oh! Bárbara, eu lhe peço
Pra que tenha compaixão

E abandone minha mente,
Desaperte este meu peito,
Pois é muita covardia
O que a vida tem me feito.

Bárbara, sei muito bem
Que o problema e todo meu.
Mas que culpa eu carrego
Se teu charme me acolheu?

Eu aqui lhe desabafo,
Mas não sei se irá ler.
Caso leia, me desculpe,
mas é pra você saber

Que pra dar a solução
Só três coisas pra ajudar:
Uma trégua, alguns versos
Ou teus lábios pra eu beijar.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CÓPIA

Leminski
In
     ventou...
E alguém
A imit
           ar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

AO SORRISO DA BAILARINA

Posso abarcar dentro do pensamento,
Qual fosse assim tão vulnerável alma,
Teus desejados lábios me cedendo calma
A me sorrir sublime, assim, sem desalento.

Este teu impecável riso, em flor se abrindo,
Roubando da estação qualquer beleza e cena,
Eu fantasio, então, à minha própria pena:
É linda Primavera para mim florindo!

Posso abarcar em mim – ah! pois já abarco! –
Este sorriso teu que é dado aos quatro ventos,
Pois a brisa que sopra o traz a meu momento.

Posso abarcar bem mais esta ilusão que trago.
Mas peço-te, quando ao vento o riso for soprado,
Deixes que venha a mim também teu sentimento.

terça-feira, 27 de julho de 2010

PREFÁCIO EM QUADRA

Bastasse tua dança
De encanto tamanho...
E ainda me tens
Estes olhos castanhos!

***

HAIKAIS À BAH

#I
Dança impecável!
Meus olhos se tornam
Extensão de teu palco.

#II
Sinto-me um palco
Onde tu danças sempre
Em minha mente.

#III
Meus olhos dançam
Os teus movimentos
E o castanho olhar.

#IV
De tua dança
Me vem o desejo
De dançar você.

#V
Dance seu beijo
No palco de meus lábios
E de meus desejos.

***

POSFÁCIO EM QUADRA

Ah, se lesses meus versos
Seria qualquer esperança...
Tua dança em minhas poesias
Ou meus versos em tua dança?



segunda-feira, 26 de julho de 2010

FUSÃO

Hoje sou aquele pássaro
No ar,
A voar, voar, voar...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ALGO ALADO

Vem!
Tô aqui!
Não fica distante!
Ven-
       to... Aqui!
Me leva pra longe!

NÃO SE FAZ TANTO DIZER O QUANTO É TEU ENCANTO

Não se faz tanto dizer o quanto é teu encanto,
Já que ele se faz um tanto mais que posso dizer,
Nem por ele, assumo, tornei a lhe escrever.
Escrevo, entregue, para não surgir algum pranto.

Escrevo, agora, não para prestar qualquer preito,
Pois meus olhos em ti são meus preitos mais certos.
Escrevo para conseguir afastar de tão perto
Este amargo pesar que me veio com o tempo.

E escrevo, enfim, como em uma penosa despedida,
Deixando que o teu encanto, que tanto me abraçou,
Encante, com a arte, outras mentes a se perder.

Vá, doce encanto, que tenho a bela companhia
Dos versos amigos. E nestes tais versos ficou
Algo de teu encanto que – oh! vida – não posso ter.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ELEVAÇÃO

Andei à noite.
Senti o vento.
Fechei os olhos.
E ouvi os automóveis a cantar
Como passarinhos!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ENCANTADORA

É por ver-te que me faço em versos,
É por versos que te faço preito.
Em tais versos deixo meu lamento
De somente em versos eu te ter por perto.

Mais perto que a mente me permite,
Só poetizando aqui os meus anseios:
Com inseparáveis versos eu permeio
Meu desejo qual não se omite,

Transformando o anseio em realidade.
Pois nos versos que se fazem escritos
Há, de quem escreve, a verdade

E, em verdade, o que trago comigo
São teus lábios junto aos meus, e digo
Que versos são minha veracidade.

sábado, 3 de julho de 2010

DE ACORDO COM A REAL CONDIÇÃO

Voei demais.
Disseram-me:
- Cuidado com a queda!
De fato, caí.
Mas minhas asas ficaram no céu.
Tenho que retornar ao firmamento
Para pegá-las de volta.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

VERSOS PARA O INTERNACIONALISMO

Produzir e partilhar
Entre o povo harmonia.
E nos lábios d@ operári@
Um sorriso de anarquia.

Trabalhamos em conjunto
Respeitando a sociedade
Que, com força, construímos
Ao buscar a liberdade.

Já findamos monopólios,
Hoje a terra é coletiva.
Nosso bem é bem de tod@s.
É de tod@s boa vida!

Hierarquias derrubadas,
Nada abaixo ou acima!
Ambiente igualitário
Com o fim da tirania.

O trabalho é ferramenta
De igualdade, de prazer!
Pois com ele permitimos
Que tenhamos mais lazer

E com a força do trabalho,
Que hoje é horizontal,
Produzimos mil sorrisos
Com o fim do patronal.

Sem fronteiras, sem barreiras
Que nos possam separar,
O lugar em que me encontro
Também é vosso lugar.

Numa paz jamais sentida
Quando então havia Estado,
Nós brindamos alegrias
Ao Socialismo Libertário!

domingo, 27 de junho de 2010

SITUAÇÕES

Há quem chore mar.
Eu rio.

sábado, 26 de junho de 2010

ESCANINHO

Não são teus lábios que peço por ora.
Maior valia teria tua mente,
Teu pensamento, delicadamente,
A me procurar entre sonhos afora.

Não é tua presença que hoje me falta,
Mas sim, no horizonte, teu olhar perdido,
Mirando o firmamento, sentindo
Que são os meus olhos, no céu, as gaivotas.

Não é teu abraço o que tanto reclamo,
Pois quando a brisa, certeira, lhe encosta
São meus pensamentos em ti repousando.

Se podes, enfim, conceder-me um encanto
Além desse encanto que tanto me toca,
Eu peço, em tua mente, um simples recanto.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

VERSOS ROUBADOS

Roubaste-me os versos deste agora
Como fizeste noutras vezes.
Fosse tais versos tão somente!
Mas minha mente assim levaste.

Tende piedade, muito embora
Eu tenha culpa neste furto
Por entregar-te, neste surto,
A mente e o verso que roubaste

Num ato quase consentido.
Se não puderes corresponder
Ao encanto que se fez brotar,

Não peço mais que um motivo
Para que eu possa conhecer
Mais mil motivos p’ra voar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

LUZES ACESAS

Vieste com seguinte intuito:
Provocar meus versos repousados,
Tomá-los para ti em um ato
E deixá-los, depois, à própria sorte.

Vieste sublime, tocaste - e muito -
Meus versos então desanimados.
Após dares vida – que desagrado! -,
Deixaste os versos beirando à morte.

Vieste inocente, sem culpa alguma,
Sopraste tua arte neste poeta
Que pela arte tanto se encanta,

E este encanto em mim perdura.
No entanto, em tudo, o que me afeta
É a incerteza que se faz tanta.

UMA NOVA MÚSICA

Acordo para um novo acorde.
Dou corda para a nova sorte.
A sorte que renove o porte
Até um acorde entoar a morte!

TRABALHO INFANTIL

Aquela criança não entende nada da vida,
Mas já sabe o que é suor.
Não entende sobre a globalização,
Mas já luta por um lugar qualquer.
Não entende sobre direitos,
Mas ela quer garantir o que é seu.
Aquela criança não entende nada da vida,
mas talvez já viveu mais que eu.

domingo, 20 de junho de 2010

MARCELO À JANELA

Quando eu abrir minha janela,
Temo que o óbvio se faça
Diante de mim.
Será aquela brisa rasa,
Um alívio, um fim,
Um pesar que se faz na certeza
De que acabou um capítulo
Ou uma crônica curta,
Talvez um posfácio que não sucede
Um início e um meio
De algo que fosse maior.
Temo, e sei que assim será,
Que a monotonia, em seus movimentos
Nada cadenciados - decadentes, por certo -,
Passeie indiferentemente aos meus olhos.
Ela, a monotonia, olhar-me-á
Fixamente, zombeteira, travessa.
Dar-lhe-ei um sorriso amarelo,
Fecharei minha janela
E, quando eu a abrir novamente,
Será para sentir um ar
Que não senti da outra vez.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

BÁRBARO ESPAÇO DE BÁRBARA

Invado teu espaço, adentro
Teu canto, lugar particular.
Não me apresento ao entrar,
Pois entro qual sendo direito.

Invado teu espaço, acomodo
Assim todo meu pensamento
No espaço que é teu. E lá dentro
Sinto-me à vontade, de modo

Que quando invado estou bem.
Violo tua privacidade
Em um lapso de minha vontade

E tomo por certo o que vem.
Pois quando assisti tua arte,
Invadiu meu espaço também.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

MOVIMENTO

Quis movimentar as palavras
E, num movimento de pulsos,
Fiz essas linhas.
E onde as palavras se movimentam?

Use a

------------------O
----------------Ã
--------------Ç
------------A
----------N
--------I
------G
----A
---M
--I

Pois a minha é movimento.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

OS NOMES QUE CITO EM MINHAS POESIAS

Cito nomes em minhas poesias.
“Quem são?” Ora, quem são?!
Direi com a possível precisão
Quem são as pessoas de tais linhas:

É aquela garota que vi na esquina,
Aquela amizade que tenho afeto,
Aquela atriz que vi de perto,
Aquela envolvente dançarina,

Aquela cantora em que gamei,
Aquela que nunca conheci,
Aquela que simplesmente vi,
Aquela que nunca encontrei,

Aquela de corpo que insinua,
Aquela que nunca me excitou,
Aquela que nunca me amou,
Aquela pessoa a andar na rua,

Se mesmo assim ainda não sabe
Quem são os nomes que revelo,
Eu contarei de um jeito certo
Em uma estrofe que aqui cabe:

Quando escrevo sério ou a esmo
E o meu verso é desabafo,
Nesse segundo eu me enlaço
E os tais nomes são eu mesmo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

QUALQUER RABISCO

I
Em meio ao tanto faz
Qualquer rabisco
Satisfaz.

II
Em meio à monotonia
Qualquer rabisco
É alegria.

III
Em meio ao vazio
Qualquer rabisco
É servil.

IV
Em meio ao nada
Qualquer rabisco
Me agrada.

V
Em meio ao tédio
Qualquer rabisco
É remédio.

VI
Em meio à solidão
Qualquer rabisco
Estende a mão.

VII
Em meio à quietude
Qualquer rabisco
É virtude.

VIII
Em meio ao meio
Qualquer rabisco
É inteiro.

IX
Em meio-dia
Qualquer rabis-
comeria.

X
Em meio ao segundo caderno
Qualquer rabisco
É moderno.

XI
Em meio à revista
Qualquer rabisco
É notícia.

XII
Em meio ao espaço
Qualquer rabisco
É um astro.

XIII
Em meio à arte
Qualquer rabisco
Faz parte.

XIV
Em meio copoeta
Qualquer rabisco
É dose completa.

XV
Em meio ao vento
Qualquer rabisco
É um bom momento.

XVI
Em meio ao tempo
Qualquer rabisco
É passatempo.

XVII
Em meio à internet
Qualquer rabisco
São alguns caracteres.

XVIII
Em meio à falta de criatividade
Qualquer rabisco
Fica pela metade.

XIXX
Em meio à falta de rima
Qualquer rabisco
Fica como os de cima.

XX
Em meio a tal condição
Qualquer rabisco a mais
Seria falta de educação.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

ARRANHADURA

A aranha arranha a jarra,
O edifício arranha-céu
E um louco arranha a pena
Numa folha de papel.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ODE AOS OLHOS CASTANHOS

O que há?
Ah! o que há de estranho?
O que há?
Estranho é não amar
O castanho!
O que há?
Ah! o que há de estranho?
O que há?
O castanho é brilho tamanho!

Há no castanho
Demais luz!
Tal impossível
Nos azuis.
Há no castanho
Mais fulgor!
Tal qual o verde
Inveja a cor.

O verde vegeta
Em seu despeito
Por tal cor castanha
Ter se feito.
E chora o azul
Sua cor de pranto
Ao ver do castanho
Tanto encanto.

O que há?
Ah! o que há de estranho?
O que há?
O castanho é brilho tamanho!
O que há?
Ah! o que há de estranho?
O que há?
Estranho é não amar
O castanho!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

MEUS DOIS EUS

Suplico para que não me levem a sério.
A seriedade é uma brincadeira de mau gosto.
Por favor, não me dêem esse desgosto
De ser levado tal como não quero.

Eu quero rir da cara das pessoas,
Sentir a dor dos outros, como festa,
E ao cair o pranto que não presta,
Fingir me importar com coisa à toa.

Eu quero ter a minha liberdade
De usar minhas duas caras como posso,
E com os meus sorrisos tão opostos
Dar conforto e rir com falsidade.

Não levem a sério nada em que me atrevo,
Absolutamente nada do que falo.
E se acharem bom, sigam o embalo:
Não levem a sério nada do que escrevo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

LETÍCIA TRANÇANDO OLHARES

Bem sei que o corpo fala,
Bem sei como se expressa!
Mas é o corpo peça
Que também se controla.

A mente, ah, a mente!
Pra essa não há freio.
Não há sequer um meio
Que torne diferente.

Portanto, ao se guiar
Os olhos que vigiam,
Não dá pra controlar

O que se quer pensar.
A mente é quem escolhe
A intenção do olhar.

domingo, 23 de maio de 2010

FREUD PEDIU AS CONTAS

Querer me entender é impudico.

É como admirar o céu
E tentar descobrir do que é feito.

É sentir o vento
E querer descrever o momento.

É sorrir para o nada
E tentar entender o porquê.

Querer me entender é impudico.

É querer saber mais do impossível.
É formular matematicamente a loucura.

É ignorar o que hoje se apura.
É pior do que se imagina!

Querer me entender é matar
A condição de minha poesia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A HISTÓRIA DA GAROTA QUE AGUARDOU A ESTRELA CADENTE

A estrela não se fez cadente,
Mas surgiu um novo rastro
Brilhando qual belo astro:
Meus olhos aqui presentes.

O pedido que seria feito
Ao astro tão aguardado
Se fez uma vez calado
Buscando no firmamento

Ajuda que concretize
O desejo que lhe acena,
P’ra que se consuma logo.

Mas para que se realize,
É erro pedir às estrelas
Podendo pedir a meus olhos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

VERONIKA

Ninguém notara o sabor do vento.
Atravessava, o ar, a sensação do corpo.
Tentou o vento tocar-lhes o rosto,
O desprezaram qual fosse veneno.

Ninguém olhara o que o céu fizera:
Porções de cores, milhares de vidas.
E ao descer a chuva, comovida,
Ninguém jamais chorou junto a ela.

Ninguém sentira o brilho das estrelas
Ou fizera brilhar os olhos como astros,
A grama que aconchega foi cuspida,

Ninguém sentira a própria natureza.
Assim posso afirmar, num triste ato,
Ninguém soube sentir a própria vida.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A VIDA QUE SEJA VERSO

A vida que seja verso. O inverso que seja longe.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

COMO POETA NÃO PRECISO MUITO

Como poeta não preciso muito:
Uma folha, uma caneta,
O vento, uma paisagem.
Dispenso qualquer paixão
Que não seja pelos versos.
Não preciso muita coisa:
Uma mera inspiração momentânea
(Embora poetas não tenham meras inspirações,
Mas sim inspirações memoráveis),
Um riso ou um pranto,
Uma alegria ou uma tristeza.
Um poeta não precisa de quase nada,
Mas tudo precisa de poesia
Para que tenha seu valor revelado,
Mesmo a valia estando somente
Revelada nos olhos do poeta.
Como poeta não preciso muito
E tenho mais do que preciso ao sentir versarem
Teus olhos curiosos sobre minhas linhas.

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P.S.: Poesia dedicada a você que leu estes versos e a tod@s que seguem esse blog. Meus sinceros agradecimentos!
Beijos para tod@s!

terça-feira, 27 de abril de 2010

PRESO INOCENTE (A DITADURA ALEATÓRIA)

Viveu p’ra morrer,
Morreu sem viver.
Sentiu o cheiro da merda,
Sentiu o gosto do medo.
Foi preso inocente
E condenado à morte.
Gritou desesperado,
Foi torturado friamente:
Foi pendurado pelas pernas
E teve a garganta cortada,
Se debateu no sangue
Até encontrar a morte.
Foi esquartejado
Indiferentemente.
Toda sua família
Teve o mesmo fim.
Viveu p’ra morrer,
Morreu sem viver,
Pois foi assassinado
Para chegar ao açougue.
Mataram um animal...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

MOSTRE SEUS SEIOS

Ah, morena!
Mostre seus seios!
Deixe tal formosura à mostra.
Mostre seus seios, morena,
Que dizem
Mais do que mil palavras expostas.

Ah, morena!
Mostre seus seios!
Estes que quebram correntes inteiras.
Mostre seus seios, morena
Formosa!
Mostre seus seios de qualquer maneira!

Ah, morena!
Mostre seus seios!
Seios que gritam toda liberdade.
Mostre seus seios, morena.
Atitude!
E desacate toda autoridade!

Ah, morena!
Mostre seus seios!
Mostre que eu gosto de vê-los assim.
Mostre seus seios, morena.
Rebele-se!
A ditadura não chegou ao fim.

terça-feira, 20 de abril de 2010

SUMMER S(HI)TATION ou NEOCONCRETISMO VERÃO 2010

Well, Oiticica,
This is the new station!
In these modern days
There's not consolation,
Cause parangolé
Turns to rebolation!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

INFLUESSÊNCIA

Se me entristeço, não sou Florbela.
Não se faz bela como a flor a poesia.
Se me apaixono, como queria
Que fosse o verso qual Camões então fizera!

Não criativo. Assim pareço aos demais
Tão logo que Leminski é lembrado.
Se sou amante, digo sou mais frustrado
Se comparado a Vinícius de Moraes.

Tanto à mente. Quase sou muitos,
Mas nunca muitos como Fernando Pessoa.
No mar da vida nem sou lagoa!
Deixo à Meireles este oceano profundo.

Não canto a morte, pois eu não sei
Como fazê-lo belamente qual Bandeira.
Em meu caminho, se há pedreira
Não sou Drummond p’ra lhe contar como ele fez.

Eu sou poeta? Que posso ser?
O que são eles? O que é quem quer que escreva?
Se sou poeta, é minha leveza!
Mas nada faço. Nada além de me escrever.

sábado, 10 de abril de 2010

PREITO À PRISCILLA

Deixara aos infames o descontentamento
De menosprezar os corações terceiros.
Pois tal triste ato qual tormento n’alma
Não afeta o peito que se acolhe em calma.

Calma de aceitar tamanha diferença,
De abraçar, serena, o que não se assemelha,
De unir as mentes entre um terno abraço
E juntá-las firmes, envolvendo em laço.

Tu, Priscilla, não prendeste a mente
Como tantas outras, tais indiferentes
À bela magia de ampliar o olhar.

Tu, Priscilla, sabes agradar!
Peço-te manter, assim constantemente,
Dádiva de conhecer ao outro e respeitar.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

LÁ VAI MARIA E JOÃO

Lá vai Maria e João
Entre tal desarmonia.
Planeta Terra de areia
Escorrendo o tempo que havia,

Escorrendo lágrima ao Sol,
Escorrendo vidas à chuva,
Escorrendo a mente nas ruas,
Escorrendo gritos à Lua.

Lá vai Maria e João.
Um diz sim, outro diz não,
Um diz “tal”, o outro diz “mau”,
Um é circo, o outro é pão.

Rasgam aflitos jornais,
Desligam a televisão.
Eles deitam sob lençóis
E esquecem o que passou.

Lá vai Maria e João.
Outro dia veio a nascer.
Em algum hospital, ou não,
Como o dia, nasce um bebê.

E nas ruas os cidadãos
Passam entre carros e caos,
Passam entre coisas e caem
Entre muros como quintais.

Lá vai Maria e João,
Em silêncio, na negação
Do que vivem, sob opressão,
Entre pilhas de corpos ao chão.

Não aguentam a cor carmim
Que não surge da flor no jardim,
Não notaram sequer algo assim,
Mas caminham à beira do fim.

Lá vai Maria e João.
Um retrato, um quadro à vista,
Uma foto para revista
Sem passar por qualquer revisão.

Violência já não suportam,
Mas não sabem dar um trato.
Ninguém quer sangue em vão
Mas colocam sangue no prato.

Lá vai Maria e João,
Lá vai Josefa e José,
Lá vai um e um milhão,
Lá vai aquele e você.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O VERBO DE KIMBERLY

Se então olhasse em teus olhos
Encontrar-me-ia em descanso,
Em leito de brilho tão manso
Qual aconchego d'um colo.

Teu verbo, afago e acalanto,
Sabor de meus novos ventos,
Beijou-me em doce momento,
Fez d'ouro o cair de meu pranto.

Ah! se olhasse em teus olhos
Modéstia seriam mil luzes
Brilhando em raios solares:

Meus olhos queimariam n'água,
Mil luzes não seriam nada
Diante do encontro de olhares.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

THAIS MEDEIROS E SUA ARTE DE ENCANTAMENTO

Perder-me nos traços da atriz,
No fulgor de tão bela figura, eu quis.
Figurar este tolo fascínio infeliz
Eu quis. Por um triz

Meu peito não é deixado p'ra trás,
No teatro que nalgum ato traz
A arte com um toque de arte a mais:
A parte impecável que nela se faz.

Perder-me nos traços da atriz,
No fulgor de tão bela figura, eu quis.
Figurar este tolo fascínio infeliz,
Entregue assim, feito arte, à Thais.

SUTIL ATRIZ DO TEATRO

Na peça, a peça impecável!
Nada que impeça a pressa
De meu olhar lhe avistar.
Oh, se quiseres peça!
Peça que sou tua peça
P'ra estrelar ao teu olhar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

VERSOS VERSUS VERSÍCULOS

Eram tempos de cegueira.
Temor por medo de penitência,
Crença imposta qual falsidade,
Preces fuga da realidade,
Mente aflita com incertezas.

Eram tempos de cegueira.
Um amor que não havia,
Confiança programada,
Uma fé automatizada
E um livro de mentiras.

Eram tempos de cegueira.
Era a venda em minha vista,
Mas, soltas, as minhas mãos
Desnudaram minha visão
E trouxeram-me a vida.

Eram tempos de cegueira.
Vivo hoje a fé tão livre,
Sincera, por vir do peito,
Hoje não vivo o tormento
Pois eu dei adeus a Deus.

segunda-feira, 22 de março de 2010

PASSA O PANO

Nosso sorriso de sangue
Dado aos ventos, à rubra brisa,
Finge enaltecer a nossa vista,
Nossa visão carmim de falso engano.
Pega o pano, enxuga o pranto,
Torce um tanto, sai a tinta
Qual vermelho sangue, tilinta
Gotejando agudas gotas,
Escorrendo qualquer coisa
Que ninguém quer notar.
Dê seu sorriso de sangue,
Mira o rubro olhar nos olhos,
Encontra noutro olhar a alma
E teu sorriso perderá a calma,
Talvez não a coloração.
O vermelho aumenta a pulsação
E o pano já não enxuga o pranto,
O sorriso cerra-se no instante.
Encontrou, por fim, um branco olhar,
Um semblante sério, confiante,
Cansado de lacrimejar sangue,
Cansado do sorriso tolo,
Cansado de limpar c’o pano
A própria falta de bom senso.
O que fará c’o pano em suas mãos?
Qual é a cor do próximo sorriso?
Nos olhos qual será a intenção?
O que fará c’o rubro em seu caminho?
O que será de nós, tolos humanos?

sexta-feira, 19 de março de 2010

SONETO DA MEMÓRIA VIVA

Viu aquele brilho intenso.
Não vinha do Sol, sequer d’um raio.
Nem mesmo surgia d’algum astro.
Surgia de Ana em tal momento.

A brisa, arrepiando o corpo,
Não era do vento que soprava,
Não era do tempo que fechava,
Mas era Ana, seu conforto.

Lembrava agora que ao seu lado
Não era Ana então presente.
Mas que presente lh’era o fato

De olhar tão logo à sua frente
A amada Ana. Infelizmente
Não era Ana. Era um retrato.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A ESTRANHA PAZ

Não sei que sossego me toma
Que minh’alma em conflito se adorna
De paz que tua presença traz.

Dentre esta guerra em meu peito
– Onde o meu maior feito
É tal guerra ter declarado –

Surge incompreensível recanto
No qual repousaria meu pranto
Na paz de estar ao teu lado.

Em tantas lutas da alma,
Se falta vitória à batalha,
Só ver-te me torna honrado.

Recai o meu corpo na luta
Vez mais rendido à tua culpa
De seres vitória em tal ato.

A IMPUDICA DANÇA DOS LÁBIOS

Eu queria lhe escrever uma poesia,
No entanto, valores poéticos são momentâneos
E não creio que poema algum perdurará
Os sentidos que hoje se fixam em mim.

Para expressar essa paixão voraz
Que meus versos não podem alimentar,
Tocaria teus lábios, devorar-te-ia
Em desesperado beijo impudico.

Neste ato imoderado de fervor,
Em que tua língua dançaria em minha boca,
Deixaria a marca de meus sentimentos
Que versos quaisquer não traduzirão.

SOBRE SEGUNDOS PARADOS

Coração meu não bate mais forte,
Quando lh’avista não perde seu norte,
Não sinto o que sinto noutro sentido
Quando não sei o que estou sentindo.

Mas se lhe avisto, paro no ato.
Mesmo o tempo mostra-se grato,
Pois tais segundos, sublimes momentos,
Tornam-se alheios a seu próprio tempo,

Encontram-se livres a lhe contemplar,
Assim feito eu, p’ra te admirar.
Se meu coração não bate, enfim,
É porque parou, como o tempo, por ti.

OBRA AO ACASO

Quero viver cada vão momento
Para guardá-lo nas linhas,
Nestes versos carregados de algo
Que não se pode, nem se deve, entender.

Meus segundos são versos,
Minutos são rimas,
Horas são estrofes,
A vida é poesia

Que se escreve por si
Sem pretensões de um fim,
Mas de final irrefutável
Donde torna-se obra ao acaso.

POESIA MEDONHA

Medonha poesia da vida
Quão meus versos não podem ser
Mais que os versos de tais dias.
Amadora poesia das folhas,
De estrofes limitadas,
Quando olhos maravilhados
Viram-se aos belos vocábulos,
Mesmo assim é tão pequena
Perante o poema absurdo,
A louca arte quase abstrata,
Essa poesia tão medonha
E encantadora chamada vida.

O BEIJO DE MARTE

Os homossexuais se beijavam
Na estação Santa Cruz.
A linda cena inspirava
Felicidade, na linha azul.
Que bom seria se nesses dias
Pudessem eles se entregar
À liberdade de todo dia
Ser assim, em qualquer lugar.

Que o preconceito não cale o amor,
Que o amor seja livre
De todas as formas.

MIL MONALISAS (O ACHADO DE UM PÁSSARO VERDE)

Culposa admirável, que receio não parar de querer,
Trazes mil Monalisas em teu sorriso
E mil graças ímpares vindas de ti.
A serenidade brota de tu’alma,
Mas em mim fincaram-se as raízes.
Tens culpa, bela, culpa sublime,
Pois és imã à minha atração
Que meus olhos admiram puramente.
Por tudo que lhe é mais sagrado,
Tende piedade de meus sentimentos
Que a cada segundo que lhe vejo
Mais tua simpatia atinge minha mente.
Oh, cheia de culpa e encanto,
Tende piedade deste que lhe gosta.
Quanto mais charme tu mostras
Mais e mais penso em ti pelos cantos.

RETRATO DE UM HOSPITAL

Doentes esperam em um corredor.
Doenças se espalham. Doutor?
“Doutor, me chame! Por favor!”
Tem gente nos cantos morrendo de dor.

Nesses hospitais não temos a cura.
São os hospitais que precisam de ajuda.
Enquanto qualquer paciência se anula,
Tem gente dizendo: “alguém nos acuda!”.

Cansado, irritado, estressado, iludido.
O que será de mim? Não sou atendido.
No corredor sinto o ar deprimido.
Dezenas de infelizes aguardam comigo.

(Não é hospital. É abrigo de desgostos.)

POEMA VISCERAL DO SACRIFÍCIO

Minha poesia não surge,
Não aparece do nada,
Não se faz sobre algo.
Sinto como se meus cantos
Não começassem.
Minha poesia não surge,
Ela está.
Minha poesia não aparece,
Ela é.
Minha poesia não se faz sobre algo,
Ela vive infinitamente.
Esses meus cantos pessoais
Não começam, sempre foram,
Não terminam, não têm fim.
A poesia é minha deusa,
Minha devoção meus versos,
E meu sacrifício, como segmento,
Por minha deusa inexplicável,
É viver...
O ESPAÇO INFINITO DE TODA SENSAÇÃO ABSOLUTA E SINCERA QUE A ALMA TORNA TÃO INEXPLICÁVEL QUE NÃO FOI POSSÍVEL DAR UM NOME SIMPLES A ESSE REGISTRO TÃO INTENSO

Quero sentir a vida de uma forma inédita,
Quero respirar a brisa do destino incerto,
E após encher meus pulmões de um estranho ar,
Mergulhar seco nessa imensidão vazia
E tão cheia de nada que eu possa explicar.
Quero andar nas ruas ao som de músicas,
Abrir os braços e girar como uma roleta
Rodando à sorte de um futuro indizível.
Quero encher meu corpo do que não se acha,
De uma sensação ímpar e inexistente,
Quero um sentido diferente de tudo,
Sorrir para o nada, abraçar-me forte,
Ceder felicidade ao mundo, viver novo,
Quero gritar e berrar e cantar,
Dançar, expor toda a inexplicação,
Quero explodir milhões de alegrias,
Quero tudo de uma forma absoluta,
Quero a terra e céu,
Quero ser a Lua e o fogo,
Quero ser tudo o que for impossível
E o que for possível que esteja em mim,
Pois quero ser um mundo meu
Que controlo e que possibilite meus anseios,
Que torne meus anseios realizados.
Quero a poesia, os sons, os risos,
Os amigos, quero tudo isso e mais.
É impossível reunir em um poema
Todos os desejos d’alma, sendo assim,
Quero que esse registro marque
A sensação que não se limita.

FUNCIONÁRIOS DE CHRONUS

Vocês não sabem, mas sou um ser humano.
Sei pensar, raciocinar... mas não sinto o mesmo de vocês.

Tento me manter cada vez mais firme
E vocês buscam mais e mais ignorância.

Isso é certo? Quem é a escória? Quem é o desprezível?
Revejam seus conceitos. Vocês são o atraso da humanidade.

SONETO PARA CAMÕES NOS TEMPOS DE HOJE ou SONETO PARA MIM NOS TEMPOS DE CAMÕES

Caro Camões, deras amor às palavras!
Diga-me como tudo então seria
Se minha carne, que hoje vivida,
Fosse já presente quando encantara

Tantos corações, quais romantizados
Nas paixões em quais fizera versos.
Quantos peitos se fariam abertos
Aos poemas por mim concretizados?

Se vivesse em tempos como vivo
Quais sentidos traria tua obra?
Fico filosofando a poesia.

Oh, Camões, lhe conto o que reflito:
Não conquistaria nesse agora
Mais paixões quais tivera em tua vida!

A EXPRESSÃO POÉTICA

Sente-se um silêncio dentro d’alma?
Como, se a alma reclama a todo tempo?
É hora de expressar os sentidos
Que até então se encontram calados.
Minh’alma se expressa, busca mais.
Poemas, danças, filosofias, pensamentos,
Atos espontâneos, a arte do peito
Expressa de forma poética.
Pois é poesia criar rosas no deserto
E voar sem asas para além de tudo.
É poesia encontrar um mundo
Qual somente seus sentimentos podem tocar.
É poesia se expressar livremente
Com o tão simples intuito de leveza,
De sentir o corpo flutuando,
Sentir a mente girando indescritivelmente,
Um toque nas nuvens, o sabor de um nada,
De um nada real, o feitiço,
Feitiço poeticamente criado na paixão.
Paixão de mim por mim, da vida por si,
Sem embelezamentos. É que não posso explicar,
Somente expressar, expressar!
Meus sorrisos ao nada, a folha entregue,
A água dançando na boca, o dia
Que não faz sentido, a música.
Tudo estranhamente poético,
Pois é poesia a expressão d’alma!
Essa expressão “vã” e sem nexo,
Essa expressão sem início e fim,
Sem objetivos claros, sem rumo.
É a expressão que está por si só,
Apenas para mostrar que é poesia.
É poesia a expressão! É loucura!
É a terra se movendo, o céu brincando,
São tristezas mutantes e insanas
Na roda de anjos sorrindo.
Oh, é loucura o que escrevo
Por ser tão somente a expressão d’alma,
A melodia de uma mente tumultuada,
O retrato do cotidiano absurdo,
É o bem e o mal, o ruim, o bom,
Tudo mesclado e freneticamente agitado.
É que não sei dizer, não sei.
A alma precisa falar.
Que seja alívio imediato
Cantar minhas loucuras
Da forma que a alma expressa.
Oh, tão medonha e magnífica
Expressão poética!

***

Se louco me julgam,
Que assim seja!
Por vezes a loucura é virtude!
Se a vida me faz louco,
Trouxe-me a sensibilidade
De me enlouquecer em belas surpresas
Que ninguém pode experimentar...
Somente quem é louco.

PRIMEIRO (CONSIDERÁVEL) SONETO

Falha minha ter me apaixonado.
Só pesares, desventuras tenho.
Quando não disponho de quem mais desejo
Tanto sentimento faz-se acabrunhado.

Da sinceridade qual o peito sente
Quanto será claro a quem tanto adoro?
Se meus versos não chegarem aos olhos
De quem mais importa, como ser presente

Tal paixão a quem me apaixona?
Se me fosse concedido o encanto
Não seria dor querer quem tanto quero.

Mas essa paixão do peito não se abona.
Mesmo quando d’ela sinto que me canso,
Não se anula, quando d’ela algo espero.

COM CERTEZA SANDRA

Perdoe-me pelo infortúnio que lhe causa
Este meu tão encantado olhar,
Por lhe seguir sem tua licença
E admirar-te assim constantemente.

Mas que olhos poderiam ter seu horizonte
Inalterado, focado noutro ponto,
Quando, fora da paisagem rotineira,
Surge então beleza como a tua?

Portanto, assim desconheço
(Pois não há ciência que explique)
Como isentar-me de tua graça,
Pois meus olhos não lhe abdicam.

CASCA DE NOZ

Eu descobri,
Com grande infelicidade
Que o mundo é pequeno demais
Para comportar nossas vontades.

SEGUNDO PREITO

Não sabes os olhos que tens, da vivacidade em mil cores,
Nestes castanhos puros, do encanto, da inspiração
Quais estes teus olhos transbordam, em outros jamais virão
Encanto tamanho, o fascínio que sempre teus olhos terão.

Não sabes de mundos que existem ocultos em teu olhar,
Quem explorá-los se atreve, se perde d’outra direção
Que não estas cores castanhas. Qual outro caminho senão
Deixar-se perder em teus olhos, achando-se em tão bela
[condição?

PECADO QUAL ME ENCANTA

Em que pensamentos se encontra o erro?
Impossível olhar-te e não ter desejos
Se o desejo que sinto é súbito
Tal como o encanto que de ti é fruto.

Se peco ao querer-te, perdão, mas
Inevitável é o impulso que me traz,
Assim como incontestável sua beleza
Qual traz fascínio à minha fraqueza.

Declaro, amenizando este meu pesar,
Admiração por ti, por não poder guardar
Segredo sobre o algo que me toma corpo
Tão logo que te vejo e sempre que te encontro.

ÚMIDO SOL E NUVENS DE FOGO

O jacaré poderia voar,
A barata poderia ter tromba,
A árvore poderia cantar,
A luz poderia ter sombra,

Estrelas poderiam dançar,
O céu poderia ter flores,
O mar poderia flutuar,
A água poderia ter cores,

Cavalos poderiam ter asas,
Pôneis poderiam ter chifres,
Os ratos poderiam ter casas,
A vida poderia ser livre,

Mas tudo é exatamente assim,
Somente imaginar não mudaria.
Poderia ser tudo diferente.
Poderia. Apenas poderia...

MAIS VITAL QUE MINHA CARNE

Tenho amigos que não sei dizer,
O coração abriga, sinto!
Poesias não podem explicar,
Então apenas registro aqui
A sinceridade d’alma que escreve:
Obrigado por estarem comigo!
Sou corpo vazio sem vocês...

A HISTÓRIA DE UM GAROTO QUE NEGOU AMAR

Ele poderia ter dito que a amava,
Mas calou-se diante do fato
Enquanto uma tristeza gritava abafado
E a paixão não se fez declarada.

Ele poderia ter dito “te amo”,
Mas deixou a verdade p’ra trás.
Da esperança ela se desfaz
No momento de tal desencanto.

Ele poderia dizer seu amor
E ficar tanto tempo com ela,
Mas evitou uma dor de cabeça
Ao negar e causar uma dor.

A dor sem amor passa,
A dor do amor é desgraça.

A VIDA POÉTICA

Oh, é que levo a vida
De forma poética!
É que cada momento
É um verso em minha vida!

Cada segundo vivido
Sustenta um pouco de poesia,
Cada sorriso obtido
É rima nos lábios sorrindo.

Cada tristeza do peito
Melhora de encontro aos poemas,
Cada mero pensamento
É notável inspiração.

Todo respirar dado
É um suspiro de poeta,
Toda vida que tenho
É arte incompreensível.

Toda folha confidente
É a tela de um mundo.
Mundo existente somente
Na alma de quem escreve.

A TELEVISÃO

Ouço vozes em minha mente, vozes agressivas,
Vozes inconscientes, vozes cegas e indignas.
Elas me criticam, difamam e até questionam:
“Inadequado, vândalo, por quê?”
Por quê? Se digo, se viram.
Sou todo voz a nenhum ouvido.
Estão surdos, muitos mudos, se falam
Maltratam, destratam, é fato!
O que faço? Um momento...
Um tempo para meus pensamentos...
Ah... as vozes não saem de minha cabeça,
Se corro me seguem, perseguem.
Preciso me sentar, relaxar, esquecer.
A TV vou ligar, vamos lá!
De canal a canal só o mal pela tela!
A vida não parece tão bela.
Em frente à televisão chego à conclusão
Que além de feia é falsa essa vida,
É mentira por trás de mentira.
Só nesta hora que o povo escuta
E acredita na imagem que oculta
A verdade de pessoas como eu,
Que dão o sangue por algo sincero
Que é a igualdade que eu tanto quero.
Mas ali está você, que mesmo sem saber
O que faço da minha vida, acredita na mídia.
É uma extensão da televisão
Que prefere acreditar em uma edição de qualquer emissora
Do que crer na vontade de um coração.

AO ACASO

Pulei uma página
Sem querer.
Ficou um espaço
Para escrever.
E assim, sem querer,
Das linhas vazias,
Surgiu poema
Preenchendo as linhas.

LOUCO SENTIMENTAL

Um louco sentimental,
Mas não me leve a mal,
Sou uma criança adulta,
Um filósofo emocional,
Um coração com um coração,
Menino com brinquedo na mão,
Sou nascido abrindo os olhos,
Sou a observação,
Um perdido encontrado,
Iludido apaixonado,
Emotivo desvairado,
Pela vida escravizado,
Um louco sentimental
Com o peito aberto a tudo,
Descobrindo sobre a vida,
Colocado neste mundo.

POESIA SEM PALAVRAS

...
...
...
?
...
? =
...
(-)
(...) ?
...
... ∞ ?
...
≠ + !

POEMA ÀS TRAÇAS

Traças não devorarão minhas folhas!
Se destas páginas se alimentarem
Não se fará a digestão destes versos.
Sua fome não é maior que o poema.

Alguém lembrará da poesia,
Mas às traças não haverão lembranças,
Exceto pela citação nas estrofes.
Oh, traças, que mal farão às escrituras?

Dentro de seus pequenos corpos
Existirão partículas de meus sentimentos.
Se forem esmagadas, traças amigas,
Nos sapatos assassinos estarão minhas palavras.

Não queiram ser parte de mim,
Complexa demais minha vida para traças.
Se querem as folhas, devorem e sumam;
Se querem a poesia, estejam com fome!

TÃO FÚTIL SABER O AMANHÃ, “SENHORES”, QUE O PEITO CLAMA POR MISTÉRIO

Que não esteja o dedo em riste,
O caminho apontado e ditado na ponta das unhas.
Que esteja o ponteiro da mente desnorteado,
Dando voltas irregulares a cada segundo.

Que não estejam em um livro os fatos,
Profetizados e dogmatizados, imutáveis.
Que esteja a verdade no duvidoso,
O certo no indizível, que seja mistério.

Que não esteja em vivência alguma
A experiência de qualquer novo fato.
Que esteja em segredo o futuro,
Que o futuro seja somente amanhã.

Que não esteja em mim a esperança,
Mas tão somente a coragem, apenas.
Que esteja suficientemente presente
A vida insegura em meu peito amador.

SENTIMENTO NUNCA VIVIDO (versão II)

Não sei o que você me faz,
Mas faz como ninguém.
Minha musa, não sabe o que faz,
Mas faz a mim – e muito bem.

De um jeito incompreensível.
Diria até agressivo.
Não sei o que você me faz,
Mas, musa, faz como ninguém!

MULHERES

Ah, se beleza fosse tudo...
Mas a sutileza e o perfume desnorteador também existem.
E essa sutileza não é simples, não é santa,
Não é calma, não é nada que se explique,
Mas é serena enquanto queima,
É amena enquanto intensa,
Traz olhares e desejos, traz vontades, pensamentos,
Traz aquele tal perfume que se espalha pelas ruas.
Agradam, despertam, iludem, enganam,
Têm tudo nas mãos delicadas (que apertam),
Apaixonam corações, assanham corpos.
Há nesta vida ser mais complexo?
Em poços de vaidade são mesmo assim belas,
Em sua imperfeição ainda são donzelas,
Sensíveis, mesmo impiedosas.
Assim nos fisgam e nos fazem ser
Não mais que um ser desprezível, comum,
Em casos não mais que um doente de amor...

IRMÃOS, AMIGOS (SORRISOS, SORRISOS)!

Amigos, amigos, amigos, amigos...
É tudo o que quero! Amigos, amigos...
Que tanto me apoiam, que tanto me querem,
Que tanto adoro, que tanto preciso.
Há alguns aqui, há outros ali
E entre tantos e tantos amigos.
Me trazem força, me trazem esperança,
Me trazem carinho, me trazem sorrisos.
Amigos de sempre ou novos amigos,
Amigos... amigos serão sempre amigos,
Que preenchem meu peito, apagam minhas dores,
Abraçam minha alma e ficam comigo.

SÚPLICA DE AMIZADE

Por favor, não me deixem!
Persistam mais anos e anos, para sempre.
Por favor, não me abandonem,
Pois são a única certeza na minha vida.

São os únicos sorrisos que sei dar,
São os únicos momentos que sei rir,
São os únicos que poderei contar,
São os únicos a quem darei meu sangue.

Por favor, fiquem!
Fiquem sempre ao meu lado para tudo.
Por favor, permaneçam!
Não se desfaçam de mim nunca.

Pois se precisam, estou aqui.
Se necessitam, estou aqui.
Se bem ou mal, estou aqui
E nunca os deixarei a sós,

Pois tenho carinho por todos vocês,
Tenho admiração de grande fã,
Tenho amor por tais amizades,
Tenho a necessidade de meus amigos.

QUEBRA-CABEÇA

Dizem que esses versos
Mas isso serve somente
São ridículos e são péssimos
Para aqueles que não entendem

Que se juntar rima com rima
Que serve tão apenas
Surgirá uma poesia
Para confundir cabeças.

Pode até ser meio sem nexo
Achará todo o poema
Mas se você tiver reflexo
Como uma brincadeira

Feito para distrair
Dessa tão confusa vida
Para eu poder fugir
Tanto quanto essa poesia.

GAROTA DA VILA OLÍMPIA

Garota que me olhara,
Que me vira e foi-se embora,
Que virara uma esquina,
Que sumira à mesma hora,
Que virou-se com seu tronco,
Que fizera o que eu fiz,
Que olhara e olhara
E depois se deu um fim,
Que tinha olhos castanhos
Que me olharam e olharam,
Que fizeram-me voltar
E que não pude encontrar,
Pois se fora! Ah... se fora!
A garota que me olhara
Que virara a mesma hora
Em que resolvi virar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CORRA AOS BRAÇOS DO AMADO

Corra ao conforto dos braços
Quais leitos que lhe protegem,
Sinta do amado a pele,
E a tua na dele, num laço.

Beija os lábios do amado,
Beba aos litros seu gosto,
Deixa que todo desgosto
Fuja ao tê-lo beijado.

Adora-o qual for permitido
Que o tempo se faz decrescente,
O tempo que resta é corrido.

Mas posso dizer convencido:
O bem que nele tu sentes
Em mim mais terias sentido.

NOIVA

É sempre tu quem estás comigo
Então contigo casarei.
Em ti me encontro
E me acompanhas sempre!
Contigo hei de casar.
Aliás, contigo
Sinto-me casado já:
Vejas tu, como se casa
Teu toque em meu rosto,
Teu beijo em minh’alma,
Vejas tu que combinação,
Que casamento do destino!
É sempre tu quem estás comigo,
Então contigo casarei.
É teu nome que me completa,
É teu nome que me faz!
Em ti meu peito repousa,
E no repouso derrama-se.
Ao derramar-se, encontra-se.
E em teu nome estou!
Hei de casar contigo,
Casar ainda mais,
Já que moras comigo,
Tristeza, minha noiva presente.

CÉU ESPELHADO

Céu espelhado
Nas poças do chão:
Lua, avião,
Nuvem não...

Só há nuvem
Do meu pensamento.

E meu pensamento
Espelhado no céu.
E todo o céu
Espelhado no chão.

EU VIVO

A minha essência é triste.
Quisera eu que tal essência
Não existisse.
Quisera eu, mas tal essência existe.
Sem a tristeza
– Essa tristeza
Que insiste –
O que seria
Minha essência?
Eu vivo triste...

ENCADERNADO

Quantos cadernos
Ainda terei?
Se escrevo o que sinto
E o que sinto
É quase sempre igual,
Então mil cadernos
Serão quase um só.
Sou eu mil cadernos,
Sou um caderno, apenas.
Qual a diferença?
Essa tão pobre leitura
Não é literatura.
Um ou mil cadernos,
Sou eu encadernado.

RESPOSTA EDIFICADA

– O que é concreto? – Fico quieto
Como um bloco de concreto.

A VIDA PEQUENA

A vida pequena...
Passando-se em passos
De anos correndo.
A vida pequena...
Semente, caroço,
Crescendo, morrendo.
A vida pequena...
O corpo, indivíduo,
Um breve suspiro,
O passar do tempo,
O passar da gente,
O passar dos passos.
A vida pequena...
Preciso senti-la
Em pequenos feitos
Que passam ligeiros,
Pois ela, a vida,
É pequena.

OBRA DE DESGOSTO

Poderia escrever
Várias folhas sobre meu desgosto,
Mas não o farei,
Pois não há tantas folhas no mundo.

RISO DO MUNDO

O mundo riu
Assim que o dia acordou.
O mundo riu
Um riso de quem se alegrou
O mundo riu
Pintando de azul o céu.
O mundo riu
Qual quem cumprisse seu papel.
O mundo riu
Deixando voar os pássaros.
O mundo riu
Sem que perdesse seu compasso.
O mundo riu
Fosse tal sexta ou segunda-feira.
O mundo riu
Sentindo que valia a pena.
O mundo riu
Com sossego de quem é feliz.
O mundo riu
Como se tivesse tudo o que quis.
O mundo riu
Com tal alegria que me parece rara.
O mundo riu
Deleitando-se em rir da minha cara.

CONCEPÇÃO DA PEÇA

Romance,
Delicadeza...
Se isso é tristeza
Entendo os tristes,
Pois são poetas.

A FEIÚRA DA POESIA

Nenhuma poesia lida é linda,
Pois as linhas, as rimas,
As poesias, não são bonitas.
O que transforma palavras em magia
São os sentimentos de quem, por sina,
Com as escritas se identifica.
São os sentimentos a maravilha,
Nunca a poesia.

SONETO SOBRE AUSÊNCIA E TEMPO QUE MUDAM A MULHER AMADA

Dela sinto mais ausência agora,
Mesmo agora estando ela presente,
Que na ausência dela à minha frente,
Quando estava em mim a toda hora,

Já que co’a distância era regada
Tola memória, cultivando tempos
Em que o amor tocara pensamentos.
E assim, dentro de mim, ela ficava.

Mas, surgida a peça qual não havia,
Voltando a se postar em minha vida,
Morrera então memória que atacava.

Faltou assim mistério que seguia.
Agor’há mais saudade dela – que ironia! –
Já que esta não é quem eu esperava.

O GRITO DE LIBERTAÇÃO QUE NÃO FOI DADO

Sou o recado
Do grito calado
Nos lábios cerrados.
Sou emoldurado
Na fauna da alma,
Sem calma, no trauma,
Com feras famintas
Olhando meu quadro
Em meu interior.
Um quadro parado
Pintado de horror
Cheirando carniça,
Serei a comida
Das feras contidas
Na alma em ardor.

Estou na mordaça,
Não importa o que faça,
Se há a desgraça
Não existe farsa
Que negue o que sou,
Já que, quando estou,
Eu viro tumulto,
Espalho fumaça
Que torna cinzento
O rubro do peito
Clamando respeito,
Tornando-me vulto
Que parte de um surto.
Sou grito e insulto
Querendo ser posto no exterior.

ASAS LUNARES

Um brilho surgiu atrás do prédio,
Logo uma ponta de Lua surgiu,
Mas exibido corpo do céu
Fez questão de se mostrar inteiro.
A Lua não parou de subir,
Saindo de trás do prédio,
Brilhando, olhando para mim.
Lua cheia me namorando
E eu namorando a Lua.
Nem o céu é o limite,
Pois ela está além do céu
E não para de subir.
A Lua tem asas potentes,
Assim como minha mente
Que jura ter visto e sentido
A Lua sorrir p’ra mim.

ROTINA DO OLHAR

A moça no meio-fio
Fotografando flores
Roubou meu olhar vazio
Que se encheu de cores,

De listras verdes, brancas
Que vêm do seu vestido,
De multicores tantas
Do canteiro florido.

A moça na Paulista,
Só, a fotografar,
Desfez de minha vista
A rotina do olhar.

PAZ

Veio o zumbido agudo
A ferir os ouvidos,
Logo o clarão.
Feio cogumelo
Radioativo,
Grande explosão.
Cenário triste
De um mundo ferido
Por devastação.
Morte da vida,
O mundo se livra
Da origem do mal.
Morre o planeta,
Toda violência
Chega ao final,
Pois em tal plano
Todo ser humano
Desprezível, em geral,
Some c’o mundo.
Humano imundo!
Há paz, afinal.

A FOME

A fome que me ataca
Não vem do estômago vazio
Ou de um prato ausente
Num dia de frio.
A fome que me ataca
Não fere o corpo,
Não esvazia um copo
Buscando deleite
Num copo de leite.
Essa fome não se sacia
Da boca p’ra dentro,
No garfo, na língua,
No teor da saliva.
A fome que tenho
Não vem da miséria
Que causa mazela,
Mal de nosso tempo.
É uma fome poética,
Oh, mente faminta!
Que reclama versos,
Tempero das linhas.
Tal culinária,
Alimento da alma,
Reclamo com fome
Em minha poesia.

POÉTICA ANTÍTESE

Odeio, oh! como odeio
Admirar tão adorável rosto!
Há fascínio nesse meu desgosto
Quant’é ameno o descontentamento.

Ameniza o olhar, sangra minha mente
Quando a vista me acaricia.
Essa luz que brilha e irradia
Queima ao tempo em que me é presente,

Pois a luz e treva se confundem
Se meus olhos buscam tua beleza.
São meus olhos noites de tristeza
Nos teus olhos, dias de alegria.

CASAMENTO

Queria beijar
Roberta Sá,
Mas já que não dá,
Me deixem sonhar!

QUIÇÁ BREVE ESTADIA

Uma doce brisa soprou a alma,
Logo semearam doces risos.
Onde a mente estava sem abrigo
Fez-se belamente uma pousada.

Lá descansa essa mente aflita,
Lá se faz brandura em tempestade.
Lá, das dores não tenho metade
Do qu’em outro canto então teria.

Entretanto essa estadia,
Que me acalma o peito e o envolve
De feliz acaso por tal sorte,
Tem conforto qual levado aos dias.

Quando, inevitável, corre o tempo,
Vai embora mais do meu conforto.
Mais um dia acaba, vira morto;
Conforto que havia vira vento.

O CÉU DE ANAÏS

Pouco antes do cinza vieram cores,
Pouco antes de perder o céu de vista.
Neste instante raro a qualquer dia
Estes olhos meus miravam dores.

Infeliz de mim, deixei p’ra trás
Tal relíquia feita pelo tempo,
Pois focava o descontentamento
Quando olhando acima havia paz.

Quem o céu olhou, tendo a pureza
De sentir n’olhar o que ocorria,
Levará p’ra sempre essa lembrança

De achar a paz na natureza,
Dando alívio à dor qu’então sentia
E, quiçá, focando a esperança.

ESSE GOSTAR QUE JÁ EXCEDE O ESPAÇO

Esse gostar que já excede
Em mim o espaço que o suporta,
Tanto transparece, tanto aflora
Que por fora há de se fazer presente.

Se me toma o peito, tão voraz,
E consome o que de mim seria,
Hoje consumido desta vida
Deixo que consuma quanto mais

Quando estou entregue sem saber direito
Onde exatamente cabem estes passos,
Mas triste seria caminhar tão calmo

Sem a graça do contentamento
De arriscar os pés pisando em falso
E não arriscar teu sentimento.

DEIXO A FELICIDADE PARA QUEM A TEM

Deixo a felicidade para quem a tem,
Pois não quero arrancá-la de ninguém,
Já que hoje eu não me sinto feliz
E demonstrar minha tristeza seria grosseiro.
Apenas engulo meu próprio pranto
E deixo a alma inundada, por bem,
Já que deixar esse pranto correr
Não trará o que tanto preciso.

Então guardo comigo a infelicidade,
Dou sorrisos para a vida que ri de mim,
Abraço o momento que me empurra
Na tentativa de ter um agrado qualquer.
Deixo a felicidade para quem a tem.
Choro sozinho. Oh, dor intensa...
E sofro sorrindo quando acompanhado
Para não mostrar dor onde todos estão bem.

VERSOS DE DESPEDIDA

Levarei comigo teus sorrisos
E este sentimento perpetuado
Que, quando longe de ser avistado,
Inda contigo possa senti-lo.

Levarei, porém, uma dor minha
Qual a saudade hoje já fere
Quando, sentindo a falta na pele,
Vejo-te longe num próximo dia.

A mais, levarei qualquer força,
Posto que lhe terei distante
E qualquer força se fará amiga.

Mas meu peito deixo. Não levo,
Pois não posso levá-lo adiante
Quando é mais teu esse peito que fica.

POESIA... É DE COMER?

Se me escrevessem uma poesia
Que feliz então seria!
Acontece que hoje em dia
Quem escreve ou aprecia?

O que é ode ou elegia?
Que são versos? Que são rimas?
Hoje o que o peito ensina
Não acata a poesia.

Que tristeza!

SONETO PARA AS CINZAS QUE RETORNAM

O dia nasceu sobre a beleza,
A beleza morta d’outro dia,
Sobre a dor passada, sobre as cinzas
Que hoje se dispersam com frieza.

Do passado levo inda o peito
Que sangrando posta-se valente
Mesmo quando tão convalescente
Do outrora doce sentimento.

Minha adoração é duro fardo.
Insiste em manter-se tão presente,
Já que mais desejo tal passado.

Nesta condição tão descontente
Vivo ontem, hoje fascinado,
Quando o ontem, hoje, vem à mente.

SONO

Sono.
De dormir só.
Só com o sono.
Sono só meu.
Sono sozinho,
Sono sem sonho,
Sonho perdido,
Sono... e só.
E se me deito,
Mesmo sozinho,
Penso em ti.
Nesse sentido
Deito-me só,
Durmo contigo.

FADADO A QUERER A PERDIÇÃO

Hei de perdurar-me neste tão fadado caso
Que nenhum acaso afastara este mal,
Quando longe crio esquecimento pelo qual
Finjo, onde há encanto, existir tolo descaso.

Que há sentimento demais já não se nega
‘Inda que quisesse não há farsa que oculta
Mil suspiros dados quais cousa alguma refuta,
Sangue admirado que meu peito descarrega.

Em minha condição perdida não me acho
Quando minha guia é admirada perdição
E só me encontro perdido em adoração.

Fadado a querer perder-me mais, fracasso,
Pois me encontro longe de me achar
Perdido, contentado, em teus braços.

MELANCÓLICA OBRA

Arte dramática,
Melancólica obra,
Prantos caligráficos,
Lacrimejam-se versos
Na secura dos dias.
Entristece algo,
Nascem desabafos
Tão vãos, à toa,
Como se Monalisa
Chorasse e seus olhos
Não mais vivessem.
Como se descobrissem
Que Picasso não é arte,
Apenas borrões aleatórios.
Como se Camões
Cuspisse nos sentimentos
E ignorasse o amor.
Mas não. Não isso.
Apenas sou eu
Escrevendo...
Escrevendo o quê?

A ESPERA

Deixa eu pensar na vida
Que se foi – inda se vai –
Que se não penso sumo,
Se sumo não sei ser eu.
Esse eu pensativo
Na vida que se esvai,
No passado que se foi.
Se penso, estou aqui,
Se aqui fico, agora,
Há agouro que não há
Se não penso e morro
Em momentos de silêncio
Do vão que acalma
E desespera o ser.
E o recheio,
O meio, o anseio,
Deixo que me surja
Nesse meio tempo
No que desconheço
Por ser interrogação
E aparecer exato
Quando penso e estou aqui
Esperando sem esperar.

O CANTO DO BEM-TE-VI

Pequenino bem-te-vi
Na antena do telhado,
Sozinho, eu o vi,
Cantava e gritava alto,

Chamava por mais alguém.
Bem-te-vi, pobre coitado,
Cansou-se de estar aquém
Sozinho, foi p’r’outro lado

Achar uma companhia.
Mas antes d’ele partir
Pude ouvir da sala minha
O canto d’outro bem-te-vi.

MAIS VERSOS SOBRE POMBOS

O pombo não gosta de concreto.
Coitado! É o que lhe resta.
Sua morada é a selva urbana.
Pássaro urbano? Faça o favor!
Agora mesmo eu vi
Na sacada de um apartamento
Cheio de plantas e vasos,
Samambaias e verde,
Um pombo feliz da vida
Por encontrar um recanto
No meio de tanto concreto
Que ainda contém um resto
Do que chamamos de natureza.

COBERTOR AMARELO

Estático mendigo
Em seu cobertor amarelo
Parou por alguns segundos.
O que olhava?
Agora sai sem rumo,
Sem ninguém por perto.
Somente um mendigo
Com seu cobertor amarelo.

SINTOMAS

Acredito que o amor
É o sentimento mais forte.
Penso que o respeito
É a chave de tudo.
Gostaria de um mundo
Sem desigualdades.
Coloco a amizade
Acima de qualquer coisa.
Acho o pacifismo
Um ideal lindo.
Gosto de sorrisos
Quando são sinceros.
Fico chateado
Quando há tristezas.
Busco as mudanças
Dentro de mim mesmo.
Faço o possível
Para melhorar.
Não sigo valores
Que só escravizam.
Gosto de sorrir
E fazer sorrisos.
Sei que tudo isso
Dizem que é bom.
Mas eu me pergunto
Frente a esse mundo:
Não seriam esses
Sintomas depressivos?

VERSOS QUE DIRIAM PESSIMISTAS

Oh! versos que diriam pessimistas,
Mas realistas, espelho meu,
Tela onde se pinta em letras
Vida de desventuras minhas.

Amargura que inibe rimas,
Tornando-se o poema um desabafo
Quase sem arte, um descaso
À arte verdadeira que respira.

Mas respira longe de mim,
Quiçá só hoje, que não sonho
E meu sonho está perdido.

Mas já não busco encontrar
Esse sonho que não sei sonhar,
Essa ilusão de lenitivo.

VÔMITO DA VIDA INTEIRA

Essas ruas chegam a enojar,
A causar uma grande ânsia,
Estômago fica embrulhado.
Eu tenho uma bela moradia,
Mas essas ruas nojentas
São a casa de muita gente.
Essas ruas chegam a enojar.
As pessoas dão ânsia de vômito,
Tudo dá asco e mal-estar.
Esse mundo é coletivo de lixo.
Se todos abrirem os olhos
Então o mundo terá um dilúvio
De vômito e pedaços de comida
Cheios de gula e gordura.
Dêem-me um saco para golfar
Toda essa besteira entalada,
Para cuspir os asquerosos sentidos.
Mas quero muito espaço,
Pois essa é uma vida inteira
Em que vomito a raiva,
O ódio e a falta de expectativas.

UMA SEMENTE CHAMADA ELEGIA

Paixão... ah, sentimento babaca!
Todo florido, doloroso, bonito,
Tudo é pranto e sorriso e suspiro,
Tudo é tolo! Paixão desgraçada!

Que sentimento mais idiota,
Faz do apaixonado submisso,
Faz dos segundos um labirinto
E do momento maldita cela.

Paixão... que coisa mais nojenta!
Fica-se bobo, pensando em vão.
Tudo é motivo para inspiração
E a inspiração não muda a cena,

Cena estúpida, tela de quadro:
Mente confusa, sangra um peito,
Coraçõezinhos todos vermelhos,
Um sofredor reclama um agrado.

Paixão... sentimento tão besta,
Peste que espalha, praga presente
Que propaga n’alma da gente
Febre, tontura, dor, doença.

Deplorável ficar nesse estado.
Longe de mim assim me encontrar.
Esse mal não deveria atacar.
Mas, céus, estou apaixonado!

POESIA PARA A VIDA IDIOTA

Estadia tola esses dias vividos.
Estúpidos sentidos e convicções,
Valores desvalorizados,
Moral imoral, tudo vão.
Atitudes duvidosas,
Hipocrisia não intencionada.
Para que integridade
Se só somos íntegros
Quando aceitamos o erro
Que nossa alma pede?
E tudo é tão estranho
Que essa poesia não tem forma.
Mas do que valem as formas
Se elas se moldam
De acordo com a vida?
E a vida é idiota!
Não sei de motivos,
Não sei de razões,
Não entendo de nexos.
Traí minhas idéias,
Desejo o que não deveria,
Insisto no doce erro,
Estou encantado.
Nada irá mudar,
Tudo continuará tolo,
Então tenho medo do quê?
Por que não viver
Sem qualquer compromisso,
Sem qualquer receio?
Não existe o que perder
E o que se ganha
Não guardamos para sempre.
Por que ter medo?
A vida é idiota.
Não ter medo de ser idiota,
Pois todos nós somos.
E meu coração bate
Por uma garota...

By: MaO

NARCISO, PARA QUE BELEZA?

De longe todos são belos.
Não há defeitos.
Não se vê falhas nos cabelos.
O que é feio?
De longe não temos rugas
Nem verrugas,
De longe rostos cansados
Não têm espinhas, nem cravos.
De longe os idosos têm pouca idade
E as crianças maturidade.
De longe todos são belos.
Bêbados parecem modelos,
O ridículo é ameno,
Grande passarela
Ruas tornam-se.
Pois de longe não há defeitos.
Sou deus grego,
Sou quase perfeito!
De longe somos felizes.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

UM VIOLÃO IMAGINÁRIO

Não há concerto.
Flores são belas apenas para mim,
Versos meus guardados no caderno,
Não há tristeza, tampouco algo feliz.
Quão mais busca-se novos risos
Mais tarda-se rir do vão agora
Que agora deveria ser vivido,
Mas deixamos isso ao amanhã.
E amanhã é sempre a mesma coisa,
Continuamos buscando risos.
Então foda-se!

O planeta ainda gira,
As folhas caem, tudo igual.
Passam-se estações,
Vivem-se emoções,
Tudo em vão.
Por que não viver, apenas?
É pena? Talvez.
Mas nesta condição
Não há p’r’onde correr
Nem o que fazer.
Então foda-se!

Choro e rio sem motivos
Ou por tolos motivos
Ou por motivos
Que aparecem sem motivos.
Nada faz sentido
E o que é sentido
Não se sente contente
E, normalmente,
Se contente, dura pouco.
Qual é a lógica?
Então foda-se!

Meus passos ainda duram
Sobre a dura vida
Que dura enquanto penso
Que não sei o que penso
Enquanto escrevo.
São escrituras
Que dizem sobre mim,
Mas não sei, enfim,
O que dizem, de fato,
Quando mesmo eu não entendo.
Então foda-se!

Isso porque
A vida é assim.
Deixo a poesia
Acontecer por si,
Vivo e apenas isso.
Simplesmente sem sentido,
Simplesmente sem nexo,
Simplesmente inútil,
Simplesmente fútil.
Não há concerto.
Simplesmente foda-se!

Eis uma canção
P’ra se tocar num violão.
Doces acordes de foda-se
Da imaginação.
Eis uma canção
P’ra se tocar no violão.
Com ou sem cordas,
Desafinando ou não.


By: MaO

MULTIDÕES

Multidões no centro
Aglomerados, curiosos,
Diversas rodas de entretenimento.
Olhos vagos, perdidos,
Pessoas sem compromisso
Se tumultuam na cidade
Em diversos cantos
Para olhar em bandos
As diversidades.
Todos sem nada melhor,
Sem perspectiva, direção,
Olhares vãos, e então
A cidade está parada,
Não é ação,
É distração.
Mas por que criticar
Essa gente indiscreta
Tão curiosa que nunca se aquieta
Se eu a olho daqui da janela?

By MaO

ÁRVORES NUAS

Deveria ter escrito
Sobre a sombra
Da árvore do vale
Quase sem folhas.
Não é outono.
A árvore despida
Do verde que falta.
Cores perdidas,
Versos achados,
Árvores nuas,
Ainda belas
Por serem puras.
Mesmo sem folhas
Têm a leveza
De serem belas
Por ser natureza.

By: MaO

CALMARIA

Poesia, deusa minha,
Tire o desgosto de agosto.
Traga encanto, sopre o pranto,
Esteja viva, oh, Poesia!

Que minh’alma pede calma
E meus dias alegrias.
Tire o trauma, lave a alma.
És bem vinda, oh, Poesia!


By: Mao

ECLIPSE DE AGOSTO

Vocês viram o eclipse?
Estava lá no alto,
No céu limpo, claro
O eclipse da noite.
Miúdos humanos
Deixando de lado
O céu, que em agrado
Presente nos trouxe.
Para quê? Diga-me!
Passos vazios,
Olhares vadios
Fitando um presente,
Talvez indecente,
Não olham p’ra cima.
O céu, nessa sina,
Se faz descontente.
Talvez ele tente
Nalgum’outra hora,
Trazer noutro agora
Um outro presente.
O que a noite deu,
O brilho no breu
Que era p’ra todos,
Senti ser só meu.




By: Mao

TANTAS COISAS EM POUCOS VERSOS

Engolindo o lixo capital,
Entupindo-se de comercial,
Desnutrindo a mente adoecida
Não há vitaminas capitalistas,
Mas suplementos não eficazes
Que iludem e te enchem de esperanças.
Esperanças vendidas em caixas
Pequenas, médias, grandes,
Leve três, pague dois.
Iluda-se no discurso de felicidade.
A felicidade é passada na novela,
Nos cafés com mesas fartas
E poder de fácil acesso.
É tudo embelezado, disfarçado
Para atrair sua atenção.
Sensacionalismo faz freguês.
Um, dois, três... o número cresce.
Essa é a sua vida de rei:
Uma tela de televisão, um emprego,
Um patrão, talvez um filho
Que quer um Max Steel
Ou uma linda filhinha que sonha em ser Barbie.
Gisele Bündchen é referência,
Bill Gates é símbolo de sucesso,
Você é apenas a sobra
Dos sonhos que eles realizaram.
Você é apenas a sobra
Que não importa ao império.
Você é a sobra vivendo de sobras.
Enquanto isso, na ingenuidade
De buscar uma vida feliz,
Aliás, buscar a felicidade midiática,
A felicidade elitista e excludente,
A felicidade que arrasa os desfavorecidos,
Enquanto busca essa felicidade,
A vida continua em seu ciclo
Gerado pela ganância, pela estupidez.
Mas eles nunca dirão por que são a elite,
Nunca mostrarão como se mantêm no alto,
Afinal, eles te dão entretenimento barato,
Te fazem de palhaço, de otário,
O bobo da corte, o bobo da elite,
O bobo do capital, o povo,
O populacho, a escória.
Você mantém eles no poder
Através do comodismo,
Através da poltrona,
Através do sonho de estar no lugar deles.
Quem tem dinheiro controla,
Compra, negocia a sua vida,
Brinca com o mundo.
Não importa o amanhã,
Pois o amanhã não é deles,
É de quem ficar pra ver
O quão devastado eles deixaram o mundo.
Você não percebe? Você não vê?
Eles te dominam com cultura inútil,
Descultura, te fazem ter sonhos
E fazem você acreditar
Que precisa seguir padrões
Para alcançar aquilo
Que fingem que só eles podem dar.
MAS É MENTIRA!
Sua mente se torna mais sadia
No compasso em que pensa por si,
Seu aspecto é mais verdadeiro
Quando reflete sua alma.
Esqueça as etiquetas,
Sua roupa é só pano,
Seu dinheiro é só papel,
Sua agonia é impressão,
A impressão que o elitismo deixou.
ENTÃO ESQUEÇA!
Esqueça a bandeira hasteada,
Esqueça a pátria, esqueça tudo!
Seu mundo é livre, é NOSSO mundo.
A bandeira já não pode te prender,
A algema não tem significado
Pois não mais poderá reprimir
Aqueles que não tiveram oportunidades.
Pense por você, pense no mundo,
Na liberdade, na igualdade,
Na solidariedade, na união,
Na sociedade igualitária,
No emprego digno e agradável
Sem mais exploração.
Pense! Abra os olhos!
O mundo continua, a vida segue
E você não pode ser apenas
Mais uma ovelha obediente
Que faz o que o pastor manda
Sem saber por que fazer.
Você não pode ser apenas
Mais um meio por qual eles reinam.
Você não pode ser apenas mais um.
Seja ameaça, seja real,
Seja verdadeiro, seja corajoso.
É hora de negar o império elitista,
É hora de repudiar a injustiça,
É hora de acordar!
Se somos iguais e livres,
Deverá demolir esta construção,
Este forte repressor, esta cela,
Esta prisão chamada capitalismo.



By: Mao