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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

LIRISMO INGÊNUO

Há uns nove anos
Tudo que eu escrevia era simples.
Era qualquer paixão de garoto,
Era qualquer timidez bem calada,
Era qualquer desabafo...
Típico de quem tem catorze anos.
Não me importava com rimas,
Não me importava com nada!
O que viesse a cabeça, eu escrevia.
E o tempo passa e exigimos mais de nós.
Aí vem a tentativa do lirismo formal,
Vêm quadras infames,
Vêm rimas infantis,
Vem aquilo que nos envergonha
Quando lemos novamente.
Mas continuamos a busca
Por uma expressão mais bela.
E então vêm odes, elegias, sonetos...
Parece que a expressão não se completa
Se não dermos a ela um ar sofisticado.
Pura ilusão! A expressão é sempre expressão.
E hoje, nove anos depois,
Vejo que meus versos mal escritos
E meus versos trabalhados
São idênticos no que diz respeito à essência.
E para não desmerecer o jeito ingênuo de versar,
Para não dizer que renego minha raiz,
Para confirmar que o poeta está na expressão
E não nos versos em si
(Pois versos sem expressão não é poesia,
Assim como não há poeta sem expressão
E a poesia não precisa necessariamente de versos, só de asas),
Para que eu faça preito à adolescência perdida,
Escrevo esta poesia sem rimas, sem forma,
Sem formalidade, sem beleza.
Assim posso dizer, ao menos por agora,
Que não me importo com a cara que meus versos têm.
Oh! Lirismo ingênuo que não volta mais!

5 comentários:

  1. Eu, daqui há uns nove anos provavelmente me pegarei dizendo "há uns nove anos"... e, com certeza, terei saudade do lirismo que pensonão ter hoje ;)
    bjãO

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  2. Realmente o tempo passa e começamos sem perceber ou as vezes percebendo, mudamos nossas maneiras de pensar, de escrever e até falar
    é incrivel como cada dia que passa mudamos um pouquinho dentro de nós
    Beijos ^^

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  3. O tempo passa e a gente muda sem perceber...
    Belíssimo texto *-*
    Beijos!

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  4. Pura verdade! A inocência dos versos refletiam a inocência do menino, cheio de sonhos e timidez...
    "Tudo que eu escrevia era simples.
    Era qualquer paixão de garoto,
    Era qualquer timidez bem calada,
    Era qualquer desabafo..."
    Na verdade o mesmo menino que ainda está aí somente um pouco mais malicioso, menos ingênuo, mais safo, mas... essencialmente, o mesmo menino... e isso é muito bom.
    Beijokas.
    Seguindo aqui também...

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