Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

POESIA PÓSTUMA XI

A sensação do nada me atormenta, 
Atinge-me o vazio do que me resta.
É certamente o fato que me atesta
Não pertencer aos vivos do planeta.

Como se eu degustasse a morte lenta,
Aos poucos dilacero a carne viva
Até não sobrar carne, nem saliva,
Restando ao léu a carcaça cinzenta.

Sou eu esta carcaça escanteada,
A pedra, o chão, o piso, o pus, o nada,
A própria irrelevância em sua essência,

Um morto a se sentir como piada,
Risível pelo rumo de sua estrada,
Apodrecendo da própria existência.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

NINA

Como fosse um sonho, ouço soar sinos
Quando tuas palavras, para mim tão caras,
Surgem com a força de uma coisa rara
Que conforta a vida de seus desatinos.

Chego a pôr em cheque o meu próprio tino:
- "Seria delírio?"- a mente pensara,
Mas tuas palavras me surgem tão claras
Que me fazem grato por este destino.

E o contentamento para o qual me inclino
Surge como a curva fora do caminho
De uma estrada vil que tanto machucara!

Não sei se mereço tanto este carinho.
Se for desvario de um coração sozinho,
Brindo à insanidade que me arrebatara!