Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

domingo, 27 de maio de 2012

SONETO DE ENSAIO

Este amor que tenho, Amor, inda recluso,
Quer se confessar, Amor, em cada gesto,
Pois a todo tempo, Amor, mais eu me infesto
Deste sentimento, Amor, qual fosse abuso.

Mas eu desconheço, Amor, o melhor jeito
De dizer-te enfim, Amor, como te amo!
Quero que não haja, Amor, qualquer engano.
O amor que sinto, Amor, vem de meu peito!

E desconhecendo, Amor, minha confissão,
Vejo-me escrevendo, Amor, minha solidão,
Fico desejando, Amor, admitir

Que te amo tanto, Amor, que não sei mais
Como poderei, Amor, viver em paz
Sem dizer que amo, Amor, eu amo a ti!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

SONETO PARA ISOLAR O PEITO

Já parto. Agora parto, quiçá co’ atraso.
Se tu quiseres vir, favor, recua!
Recua que a dor é muita e a pena é dura
E é dura esta partida, em todo caso.

Recua, mas não da vida que a vida é arte,
Contraste de pranto e riso que perpetua.
Em meio a tal confusão, que haja ternura
Que faça valer a vida, mesmo que em parte.

Recua! Mas tu não sumas, senão padeço!
Que a todo este sentimento haverá um preço!
Eu parto – não de tua vida – do que vivi.

Embora seja a distância o maior suplício,
Sabendo que minha vivência tem novo início,
Amiga – tu que não tive –, não te esqueci!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

TROVA DA FORMALIDADE

E perguntam: "tudo bem?", um ato
De bons modos. No entanto, note,
Se respondem "tudo bem", é fato:
"Tudo bem" é exagero ou sorte!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

TROVINHA DE DISTRAÇÃO

Uns versos p'ra distrair
O tamanho de minha dor,
Mas se penso no porvir,
Ai! Mais versos, por favor!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

SONETO DE HOMICÍDIO

Quando nasce um novo dia, logo vejo
Que será um novo dia de minha morte.
Como posso eu ter esta triste sorte
De morrer mil vezes do mesmo desejo?

Cada morte vinda é dor que mais me dói,
Cada dor sentida é morte que mais peno!
Só pod’ria doer, sem nunca ser ameno,
Este sentimento que tanto corrói!

Oh, paixão! Inútil, tola, homicida!
Mata sem saber dar fim à minha vida,
Gaba-se ao mostrar ferida que me fez!

Adorar assim sem ser correspondido
É morrer mil vezes, tanto mais sofrido!
Clamo então ao peito: mata-me de vez!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

SONETO DE ACEITAÇÃO

Há de descartar cada ínfimo sorriso
Tão logo lembrar a dor que perpetua.
Não vangloriar, portanto, a calma tua
Que há de se fugir no agouro, sem aviso.

Há de perceber o amargo a nosso encalço,
Aceitar-se-á que se respira a morte
E, qual zombeteira dor que toma o norte,
Cada riso dado é traiçoeiro e falso.

Há de aceitar cada lição da vida
E lançar o peito à mágoa ressentida
De quem solução alguma arranjara.

Tal vivência assim só pode ser sofrida!
A razão de minha dor é percebida:
Falta-me a paixão de quem me apaixonara!

terça-feira, 1 de maio de 2012

SONETO DE ABRAÇAR SAUDADE

Dos tempos passados me resta a saudade.
Nem glória, vitória ou troféu recebido.
Apenas saudade que trago comigo,
Somente meus versos chorando verdade.

Dos versos escritos me resta a vontade.
Nenhum dos desejos me foi concedido.
Suplico à vida e eu nada consigo.
Jamais este mundo me fez caridade!

Mas olho o passado qual preciosidade.
Havia momento de felicidade
Que então se revela um anseio perdido.

É quando recordo e um peso me invade,
Sorria ao destino com integridade:
Quão feliz eu fui quando estava iludido!