Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

POESIA PÓSTUMA VII

Corpo frio. O ar já não me influi.
Já não sinto pulso, nada sangra.
Rigor mortis. Não há mais demanda.
Condição final que a mim inclui.

Eis que a cadavérica frieza,
Qual maior certeza que houvesse,
Toma o coração e o enrijece,
Livrando o defunto da tristeza.

Desta inevitável experiência
Sinto que esta morte foi clemência.
Continuo aqui, porém mais vivo.

Que contradição revela a cena!
Quando morre um coração que pena,
Surge um novo ser mais redivivo.

terça-feira, 9 de julho de 2019

SONETO COLATERAL

Parece que acabara a poesia
Deixando certo vão em minha história.
Fugira o sentimento de outrora
Que antes tanto o peito carecia.

Sumira a emoção que me fazia
Acreditar no eterno, muito embora
Ainda sinta, em suma, neste agora,
O peso do que antes eu sentia.

Mas é um peso morto, eu diria.
Uma saudade estranha, uma agonia,
Uma lamúria de aflição inglória!

Um misto de amor que não se esfria
Com a certeira ausência que alivia
Pulsando tristemente na memória.