Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

SONETO FUNESTO

Tempo oportuno para teu silêncio.
Haja, nesta instância, o luto e a dor,
Traja vestimentas tristes, negra cor:
Há de se enterrar este vazio extenso.

Prepara-te logo! Oh, lamento intenso!
Joga, com penar, o corpo de uma flor
Ao que sucumbira ao véu do dissabor...
“Aqui jaz um pranto sem dispor de lenço”.

Não morrera, enfim, o que está propenso
A durar, eterno. Eterno! Assim o penso,
Este sentimento, meu maior ardor!

Sentimento vive. Vive! Tão imenso
Que por si resiste, mas fugindo ao senso
Este é meu enterro, céus! Morri de amor!

sábado, 23 de junho de 2012

REGIMENTO POÉTICO

Criar poema que sustente
Meu ser, preserve meu momento.
Se me for dor, que venha a tempo;
Se dor não for, que me alimente.

Criar poema que sorria,
Sorria verdadeiramente!
Seja na dor, se for presente;
Se for ausente, na alegria.

E de poemas que se criam,
Nos meus lamentos que se afiam,
Faz-se o bem, por fim, crescente:

Eu crio vida enquanto verso!
E se alguém me achar disperso,
Deixai! O verso é meu regente.

terça-feira, 12 de junho de 2012

QUE A VIDA VALE A PENA NÃO DUVIDO

Que a vida vale a pena não duvido.
Que há sorrisos é, decerto, fato!
É como se o sorriso fosse inato
Às condições humanas do indivíduo.

E nasce o ser humano, a princípio,
Temendo a vida, em pranto inconsolado.
Mas age o tempo, o bem é revelado:
Descobre-se a alegria em estar vivo.

No entanto me é inversa a teoria!
Nasci para sorrir, alguém diria,
Para gozar da vida todo o encanto.

E ao crescer, em mim sequer insiste
Qualquer sorriso. A alegria existe,
Mas não a vejo. Eu descobri o pranto.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

SONETO DE ABRAÇAR A ILUSÃO

Vive tu o falso conforto de teu tempo,
Doa tu, ao sofrimento tão furtivo,
Teu momento que te ilude de estar vivo,
Tais segundos que disfarçam teu tormento.

Vive tu esta mentira adornada
De perfumes acres, desfolhadas flores.
Ria, enfim, à condição de teus amores
Como meta que assim fora alcançada.

Vive tu a intensidade que é possível,
Não há nada que não seja perecível!
Goza tu da ilusão que te afaga.

Aproveita que o tempo é corrido,
Amanhã será de fato mais sofrido:
Não te restará nem ilusão, nem nada!

terça-feira, 5 de junho de 2012

SONETO CRÔNICO

Repara tu, aqui, que desperdício errante!
Doar-se, peito e alma, à causa que, em suma,
Não haverá de ser senão nova tortura,
Perder tanto da vida em algo tão infante!

Infante, pois já mostra a que nos leva a história,
Tamanho sentimento assim por fim nos mata.
Matei-me, céus, matei-me! E a vida foi ingrata:
Não vi nenhuma flor jogada em minha memória!

E morto pelo acaso, morto, há lamento
Por descuidar de mim enquanto havia tempo,
Por ter doado mais de mim do que podia.

Já não há ilusão de encontrar bonança,
Morrera com meu peito o resto de esperança
E morrem mais sorrisos ao passar do dia.