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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

VERSOS JOGADOS COMO SEMENTES

Plantei poesia.
Reguei com riso e dor.
Primeiro galhinho que saiu
Foi de esperança.

Continuei a regar
Com água dos olhos
E com saliva que aparece
Quando dá gosto em algo.

Outros galhinhos saíram.
E já vi sementes também!
E continuei a regar.
Até usei adubo do bom,

Aquele adubo
De quando a vida está uma merda.
E a poesia foi florescendo,
Florescendo, florescendo...

E para quem dou as flores no fim?
Deixo no jardim que está em mim.

Se eu quiser, só se eu quiser,
Arranco algum ramo
Que tenha algum tanto
De semente de mim. E então
Se alguém quiser, só se quiser,
Regará este algo qualquer.

Quem sabe eu floresça em alguém,
Quem sabe essa flor a nascer
Seja o jardim que alguém sonhou ter...



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