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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

sábado, 1 de junho de 2013

DESUSO

Deixarei fora de mim tudo aquilo em desuso:
Ideias, pensamentos, pessoas, sentimentos...
Não serei escravo das construções erradas que fiz.
Não sou arquiteto para me arruinar com o que desabou. Sou poeta!

Não sou sequer relevância em qualquer coisa.
Sou apenas este instante que já não é mais. Passou.
E agora ainda é outro. E já foi. E assim se vai. Ou vou.
O que importa, afinal? "Afinal". Remetendo à ideia de fim.
Que fim vale a pena o desgaste do agora?
O resgate do agora perdido por nada?!
Não mais! Que o mais é excesso de tempo no tempo.

Deixarei fora de mim tudo aquilo em desuso:
Versos velhos, papéis velhos, meu velho humor envelhecido...
Fora de mim, pois o jardim da vida é infinito!
Se a velharia for flor, colherei quando me convier.

Ademais, não sou mais que o segundo que passa,
Que o ar sujo que passa, que a vida que passa...
Não sou mais que alguém que passa sem vida,
Sem carregar em si qualquer projeto de existência.
A diferença está no entendimento de que passo.
Eles que passem sem saber, sem sentir, sem viver!

Não sou filósofo, não sou psicólogo, não sou médico.
Sou poeta. E deixo tudo o que não for rimar em desuso.
Deixarei fora de mim tudo aquilo que não abrigar meus versos,
Meus versos imediatos, meus versos desesperados, meus versos!

Adeus, oh, restos!
Adeus, ideias! Adeus, pensamentos! Adeus, pessoas! Adeus, sentimentos!
Não serei escravo dos problemas tardios, vadios, passados...
Não sou historiador para estudar minha história. Sou poeta!
E um poeta nunca aprende. Jamais!



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