Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

domingo, 27 de janeiro de 2013

QUANTO AO SONHO

Será estranho se eu admitir
Que sonhei com você
Antes de dormir?

CHAMADO


"Poesia! Poesia!"
Será possível que não ouvia?

A voz chamou,
Som ecoava.
Ninguém chegou.
Ela já estava!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

SONETO DA FELICIDADE ANUNCIADA

A felicidade fora anunciada!
Preparei nos lábios meu melhor sorriso,
Resguardei o dia, por achar preciso,
Para celebrar a paz tão aguardada!

Eu imaginei a dor desavisada
Intentando envenenar meu paraíso,
Mas que lhe servisse, então, como aviso:
A paz fez anúncio de sua chegada!

Corri ao encontro da calma esperada,
Parei ao portão, minh'alma agitada
Trouxe a ilusão, fez-me perder o siso!

A felicidade outrora desejada
Não apareceu; e a dor envenenada
Estava ao portão a exibir seu riso.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AO QUE É ETERNO

Um dia passarei.
Não serei mais que folhas envelhecidas nalgum canto,
Pó de margaridas em qualquer lugar,
Talvez reciclado para novas declarações doutros poetas,
Talvez terra a abrigar mais flores amorosas...

Mas passarei.
E é bom saber que, ao passar, ainda serei poesia,
Ainda serei folhas envelhecidas nalgum canto,
Pó de margaridas em qualquer lugar,
Talvez sobreposto por declarações de outros poetas,
Talvez ao caule de alguma flor amorosa...

E novamente passarei.
Pois tudo passa, de forma ou outra.

E quando eu passar a ser
Não mais que as folhas envelhecidas nalgum canto,
Pó de margaridas em qualquer lugar,
Já não houver atenção às declarações deste poeta,
Nem mais forem memoráveis as flores amorosas,

Ainda assim, no que restar de mim,
Seja nas folhas envelhecidas nalgum canto
Ou no pó de margaridas em qualquer lugar,
Haverá o amor que é teu.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SONETO DA EXCELÊNCIA

Meu semblante expressa minha leveza,
Trago em mim um riso contentado,
Vivo de amizades rodeado,
Donde encontrei maior riqueza.

Já brotou dos olhos correnteza,
Fui por mil angústias afogado.
Pelos versos sempre enamorado,
Fiz da poesia a luz acesa

Qual farol a anunciar certeza
De uma salvação que traz beleza
A quem naufragou desesperado.

Mas devo assumir minha fraqueza:
Mesmo não vivendo de tristeza,
Sou, por excelência, amargurado!

domingo, 20 de janeiro de 2013

VERSINHOS FEÉRICOS

Não pude voar
Como ela.
Tentei, tentei
Sem dar conta.

Batia meus braços,
Mas nada e nada!
Meu grito faz onda:

"Então que se fada!"


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

OLHOS MEUS DE BEIJA-FLOR

Olhos meus de beija-flor,
Parando em todo jardim,
Voando, buscando cor,
Meus olhos beijando assim,

Ora com beijo contido
Quando a flor dos olhos vistos
Tem perfume incisivo
Desses que intimidam a mim.

Ora com beijo assanhado
Se o olhar fora regado
Com desejo despertado...
Beijo que não chega ao fim!

Ora com beijo profundo
Quando a flor parece o mundo,
Todo ardor é oriundo
Da coloração carmim.

Ora com beijo inefável
Quando a flor, inexplicável,
Supera o admirável
Das flores desses jardins.

Olhos meus de beija-flor,
Voando daqui a ali...
Que pena se alguma flor
Prendê-los só para si!


SONETO DO EGOCENTRISMO

Quem se importa com a dor de um poeta?
Nada traz aos olhos um pranto sofrido!
E quando acontece um fato parecido,
Não é do poeta a dor que mais afeta.

É a própria dor nos versos refletida;
O egocentrismo de quem lê os versos;
São os sentimentos antes tão dispersos
A se concentrar nas lágrimas caídas.

Portanto a leitura, denuncio a fundo,
É um ato sujo de egoísmo imundo
No qual o autor sequer virá à cena.

Se te fiz chorar ao escrever, lamento,
Mas meu coração da culpa está isento.
Choras por tua dor, jamais pelo poema!


sábado, 12 de janeiro de 2013

POESIA DE FLERTE

Meus olhos se perdem
Nos olhos alheios,
Sem freios,
Receios.
Em meio a suas falas
Que falam sem falhas,
Sem formar palavras,
Eu ouço soando
Sorrisos contidos,
Silêncios, zunidos
Do eco da alma
Que grita em quietudes.
E os olhos se perdem,
Perdidos intentam
Achar-se nos olhos
Alheios, alados,
Ao léu estrelado,
No brilho da estrela
Dos olhos de alguém.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ORAL

Sentir, do amor,
Na língua o sal;
Matar pudor,
Calar moral;
Sugar o líquido carnal;
Em toda a boca,
Amor oral.

sábado, 5 de janeiro de 2013

A LUTA DE SANGUE


- Olha a luta! Ninguém segura!
- Porrada?
- Porrada?! De forma alguma!

- Sem soco, sem chute, sem nada?!
- Só sangue!
- Que sangue? Rolando porrada?

- Já disse que não! Segue a luta!
- Feridos?
- Muitos! Outros salvos. Escuta...

- Não entendo! Que luta é essa?
- Silêncio!
- ... Essa luta, como começa?

- Ela começa no coração!
- No peito?
- Exato! Tenha mais atenção!

- Eu posso senti-lo sangrando...
- Escute!
- Escuto meu peito gritando!

- Pois são seus desejos fluindo!
- Não creio!
- Conte-me o que está sentindo.

- Eu sinto que preciso voar!
- Pois voe!
- Como posso sair do lugar?

- Encontre a maneira em você.
- Machuca...
- Mas faça isso tudo valer!

- Sinto algo estranho. O que é isso?
- Conflito.
- É a luta que disse no início?

- Exato! A luta de sangue!
- Entendo!
- Feriu-se, mas siga adiante!

- A luta... acho que entendi!
- Pois diga...
- A vida é batalha! Eu senti!

- E vai batalhar de que jeito?
- Na arte!
- Na arte? Pois acho perfeito!

- Voarei! Eis minha conduta!
- Conclua!
- Meu sangue, minhas dores, minha luta!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

SONETO INCOMPREENDIDO

Eu notara outrora em mim belo sentido,
Ímpeto bravio, surgiu qual poesia!
Um calor que só o verso explicaria,
Que nada faria perecer contido.

Um regozijar que em tudo é permitido,
Algo mais bravio que o ar na ventania!
Ao passar do tempo, maior é a valia
Deste bem-sentir que em mim fora nascido.

Mesmo sendo meu sentir incompreendido,
Nada há de barrar este grito incontido
Que entoará em tom de rebeldia!

Caia, opressão! Meu som será ouvido!
A quem perguntar, eu tenho definido:
Esta sensação é a voz da Anarquia!