Se as gérberas contassem segredos
Falariam dos meus olhos,
Dos suspiros escutados,
Do toque do rosto ao sentir o perfume,
Contariam, envergonhadas,
Que o perfume em minha roupa
Que o abraço me deixou
Era bem mais perfumado
Que qualquer jardim de flores
Que pudessem conhecer.
Contariam meu apreço
Pelos gestos de carinho,
Falariam que me viram
Inda em choque e admirado,
Que por mim foram tocadas,
Que sentiram meu carinho
E meu medo enraizados.
Assumiriam que são cúmplices
Do silêncio, da ausência, do receio,
De tudo que se quebrou,
De tudo que se formou,
Do afeto, das incertezas,
Das soluçōes fáceis e tristes,
Da cura distante do tempo,
Do elo, do sempre e do adeus.
As gérberas não contam segredos.
Mantenho o silêncio como quem é jardim regado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário