Hoje é a véspera de um dia cheio
De falsas superações e tropeços,
De ilusões acumuladas,
A véspera do recorrente.
Hoje é a véspera do descontentamento,
A véspera de um dia como hoje,
A véspera repetitiva, tola,
A véspera de mais uma morte minha.
Hoje é a véspera do riso vão,
Das vontades reprimidas,
Dos desejos que se debatem
Na imitação dos desejos de ontem
E de hoje. Hoje: a véspera amargurada,
A véspera da amargura,
A véspera que procede um dia amargo,
A véspera. Apenas.
E de vésperas estúpidas vivemos,
Como se tudo pudesse mudar,
Pois hoje é a véspera de mudança alguma,
Amanhã será a véspera do “tudo igual”.
Ontem foi véspera – de quê mesmo? –
E ontem nada mudou.
Hoje nada muda.
Amanhã nada mudará.
E viveremos uma eterna véspera abstrata.Amanhã nada mudará.
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