Respeitar minhas limitações,
Minhas fraquezas, minha falta de coragem,
Minha estupidez e meu azar.
Respeitar, enfim, meus anos de poeta.
Eis o fardo que carrego!
Minhas vontades me traem,
Não me incentivam, são tolas
E tão covardes quanto eu!
Minhas vontades me deixaram vazio.
Minhas vontades me deixaram vazio.
Minhas vontades regaram ilusões.
Deram frutos. Comi-os.
Estupidamente comi-os.
Eu cultivo a amargura de uma vida inteira.
Porém, respeito-me.
Respeito-me ainda que eu me odeie.
Aprendi a conviver com o que não se cura.
E nada cura. São apenas novas feridas,
Mais ou menos profundas, mas feridas.
Sou uma ferida aberta.
Respeito-me pelo que sei, não pelo que sou.
Respeito-me pelo que a vida é.
E a vida é cheia de falhas.
A vida é uma grande falha generalizada.
Em meio às falhas, eis o fraco,
O covarde, o estúpido, o poeta.
Aprendi a respeitar meus desastres.
Respeitar-me é saber que tudo é nada.