Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

domingo, 30 de dezembro de 2012

QUANDO A POESIA VOA ATRÁS DE UM PASSARINHO

Se eu pudesse saciar minhas vontades
Eu não sei dizer como começaria;
Se versando meu desejo em poesia
Ou poetizando o gosto de tuas partes.
                                          
Se eu pudesse saciar os meus desejos
Eu não saberia o meu primeiro passo;
Seria buscar conforto de teus braços
Ou perder a calma dentro de teus beijos?

No entanto nada me é permitido,
A não ser conter o que já está contido
E te desejar enquanto me controlo.

E se outro tem a sorte que não tenho,
Oh! Quisera eu, em todo meu empenho,
Poder ser a sorte que pousa em teu colo!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A POESIA DA VIDA

Se por acaso disserem
Que viver de versos é anular a vida,
Oh, quanta inocência!

Se porventura ousarem dizer
Que poeta não vive a realidade
E que, portanto, nunca viveu ou viverá de fato,
Tolos dizeres!

O que a mente de um poeta imagina
É exatamente aquilo que ele vive intimamente
E é exatamente a essência do que deveria ser viver.

Além disso, dizer que poeta não vive
Torna-se mil vezes mais falacioso
Quando sabemos que as escrituras,
Cada vez que são lidas,
São vividas mais e mais vezes!

E então encontramos o poeta
Vivendo e revivendo a todo instante,
Nos mais diversos olhares.

domingo, 16 de dezembro de 2012

COMPLEMENTO

Que algo ou alguém me bagunce, por favor!
Que algo ou alguém me revire!
Que algo ou alguém me tire desta segurança
E afaste qualquer fantasma antigo.
Que algo ou alguém seja meu novo pranto,
Meu novo medo de tudo,
Meu novo fantasma assombroso...
Que algo ou alguém me traga qualquer motivo
De desespero ou de tumulto.
E preciso disto porque a paz não nos basta.


FÓRMULA DO SUCESSO

Escreverei como qualquer poeta de sucesso
Que fala apenas sobre sua própria vida,
Embora eu creia que poeta algum fale apenas de sua própria vida,
Pois cada verso carrega um tanto de sentimento de milhares de pessoas.
Mas, como eu dizia, escreverei como qualquer poeta de sucesso.

Falarei apenas de coisas íntimas por demais
A ponto de quase ninguém se identificar com o que escrevo.
Falarei da chuva que não me molhou
E do carro passando rente à calçada, que fez o papel da chuva.
Falarei, aliás, de como ando rindo à toa
E de como pareço patético ao rir sem qualquer motivo palpável.

Direi ainda como é bom ser patético dessa forma.
E direi que está tudo nos conformes, mas que não quero que esteja.
Quero bagunçar os fatos, surtar na calma, cuspir nessa paz vazia.
Escreverei dessa forma porque eu quero e ponto.
Dessa forma, desse jeito, escreverei um poema pessoal,
Algo exatamente como este poema.

Escreverei como qualquer poeta de sucesso,
Desses que sempre foram derrotados por tristezas,
Por angústias, por tudo isso que não falta no mundo.
Escreverei como qualquer poeta de sucesso.
Assim como eles, serei apenas mais um poeta.
Assim como qualquer pessoa, serei apenas mais um poeta.
E assim, como poeta, transformo o nada na arte mais impecável.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O NINHO*

                                          * Poesia dedicada à Maiara Marks

Passo a passo,
Passarinho,
Faço verso
P’ra teu ninho.

Passo a pena, faço a cena
P’ra que a vida seja amena,
Menos pedra ou espinho,
Mais tranquilo é meu caminho

Se te escrevo,
Passarinho!
Faço verso
P’ra teu ninho.

Poesia, sê macia!
Aconchega a dor que havia!
Verso a verso, linha a linha,
Faze lar, oh, Poesia!

Vem chegando,
Passarinho!
Faço verso
P’ra teu ninho.

Faço, abraço, eu me enlaço,
Eu rabisco, escrevo, traço
Qualquer voo que desponte,
Qualquer rastro no horizonte,

P’ra que tu, oh,
Passarinho,
Tenhas verso
P’ra teu ninho!

P’ra que tenhas um abrigo
Contra as dores do perigo
De viver tão livremente,
De voar suavemente.

Quem me dera,
Passarinho,
Ver sorrisos
Em teu ninho!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SÚBITOS NOVOS TEMPOS, LOCAL: MENTE

Meu pensamento distante de mim,
Meu peito apertado na São Joaquim.

Há um sentimento, não sei o que é,
Meu peito apertado na estação da Sé.

Saudades de coisas que já não sei mais,
Meu peito apertado na estação do Brás.

Passado e presente entrando em discórdia,
Meu peito apertado; Largo da Concórdia.

Eu sinto um desejo nascendo inocente,
Meu peito apertado na Rua Oriente.

E toma-me o peito uma louca vontade,
Meu peito apertado na Rua M. Andrade.

São mais sentimentos postos no papel,
Meu peito apertado; Princesa Isabel.

Eu sinto por dentro algo que me abrasa,
Meu peito apertado na porta de casa.

É meu coração permitindo outro rumo,
Meu peito apertado num tempo futuro.

Abrem-se portas e novas janelas,
Meu peito apertado na graça que é dela.

Um súbito encanto por ela surgido,
Meu peito apertado no jeito contido.

E tanta beleza me fez suspirar!
Meu peito apertado em seu caminhar.

Já não sei de mim; e dela, quem dera!
Meu peito apertado como numa espera.

Crio fantasias na minha emoção,
Meu peito apertado em minha ilusão.

Meu peito ora aqui, meu peito ora lá,
Meu peito apertado, mas onde estará?

O mundo tão vasto, mas não sei por que
Meu peito apertava onde estava você...



sábado, 1 de dezembro de 2012

SOBRE A LUA

Ela me falou da Lua,
Da Lua eu falei também.
Nem a noite mais escura
Tira o brilho que ela tem.

Ela outrora disse: “Veja:
Há motivos pra sorrir,
Veja a Lua, a sua beleza,
Sinta o bem que está por vir!”.

Eu sorri àquela Lua
E notei que ela, sim,
Era a paixão mais pura
E o amor crescendo em mim.

Eu versei o que sentia
E o céu, na ocasião,
Entregava a Lua viva
Na palma de sua mão.

Mas o céu tem tantos astros!
Um cometa que passou
Foi deixando aqui um rastro
E o meu amor levou.

Que saudades tenho dela!
Mesmo longe ela me diz:
“Olhe a Lua, como é bela!”.
E como me faz feliz

Saber que mesmo distante
Essa Lua que há no céu
Traz lembranças importantes
E mais versos no papel.