Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

NÃO SUPORTO MAIS A CONDIÇÃO MEDONHA

Não suporto mais a condição medonha!
Tenho a alma livre e o peito encarcerado.
Tenho o coração batendo acorrentado
E se a alma é livre, é livre e tristonha!

De que vale a vida? A vida é enfadonha
Desde que meu peito fora confinado.
Desejara eu não ter me apaixonado,
Quisera matar o peito que te sonha!

Desejara mais – bem mais! – um outro jeito
De aliviar-me ao que estou sujeito,
De me libertar do que me é nocivo,

Mas estou rendido! E eis todo o defeito:
Já não bate mais por mim este meu peito:
Está preso a ti meu peito; e em ti eu vivo.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

SONETO PARA A AÇÃO DO TEMPO

O Tempo! Por certo é de sua natureza
Transmutar o todo em sua decorrência.
Assim, cada ser sofrerá a influência
Que o Tempo reserva com vil aspereza.

O grão que era grão germinou, fez-se vida,
E a vida gerada encontrou-se na morte,
Pois nada escapa das garras da sorte
Que o Tempo prepara em cruel despedida.

Tudo o Tempo leva: sorrisos, momentos,
Leva mil suspiros, leva sentimentos,
Este furacão que arranca o que bem for!

Tudo ele transforma, torna em outro quê,
Mas o amor que sinto o Tempo ousa manter,
Pois nem mesmo o Tempo me altera o amor!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

SONETO PARA A MORTALHA QUE TRAJAMOS

Eleva esta tua condição tristonha
Para o patamar de um riso que se valha.
Toda dor que hoje veste de mortalha
Já foi antes fantasia que se sonha.

Ora, se tal sonho morre, paciência!
Ponha-te a enterrar bem enterrado.
Seja adubo para um sonho não sonhado,
Seja o semear de nova inocência!

Assim sendo, enterrados sonho e peito,
Qualquer lágrima a cair terá efeito
De regar uma esperança valiosa.

E se a dor semeia novas alegrias,
Meu penar, meu fado, aceito em euforia:
A colheita que me aguarda é generosa!