Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

sábado, 5 de outubro de 2024

DISTIMIA II

Passo, 
Pedra,
Passo,
Pedra,
Passo,
Pluma,
Passo,
Espinho,
Passo,
Pedra,
Passo...

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

CALENDÁRIO

Num dia
Como naquele em que surgi,
Talvez como no dia
Em que surgiu o amargo,
Que nem sequer sei quando,
Mas era um dia assim,
Como no dia em que surgiu a luz,
Talvez num dia
Como surgiu o vento
- E o vento correndo como corre o dia -
Talvez num dia à toa
Como imagino ser
Quando surgiu a fala, a palavra, o eco,
Um dia assim, de chuva
Ou mesmo um dia outro
Em que o Sol explodir,
Em que a terra engolir,
Em que o Ártico inteiro
Comece a derreter,
Num dia como hoje
Ou como amanhã,
Talvez na distração
De um dia qualquer
Eu passe e o dia não.

domingo, 29 de setembro de 2024

SOLAR

Não se atreva
A viver minha treva!
Minha sombra fere,
Tua luz eleva!

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

DISTIMIA

Dentre as fendas só me escapam!
Fogem! Nunca vi igual!
As moléculas se safam!
E a glândula pineal

Aparenta ter cansaço
Remetendo-me a outro plano.
Acuda-me deste embaraço,
Por favor, triptofano!

Que meu corpo se aproveite
Ao notar tal triste sina
Do quanto lhe for deleite
Da tal piridoxina.

Seja tanto quanto pode!
Mas se a força me for vã,
Para o quanto for preciso,
Vinde, escitalopram!

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

ANTES PENSAVA NELA

Antes,

Com a mente aflita,

Pensava nela

Demais! 

Agora,

Com mais clareza,

Penso nela 

Ainda mais!

terça-feira, 10 de setembro de 2024

GÉRBERAS

Se as gérberas contassem segredos

Falariam dos meus olhos,

Dos suspiros escutados,

Do toque do rosto ao sentir o perfume,

Contariam, envergonhadas,

Que o perfume em minha roupa

Que o abraço me deixou

Era bem mais perfumado

Que qualquer jardim de flores

Que pudessem conhecer. 

Contariam meu apreço

Pelos gestos de carinho,

Falariam que me viram

Inda em choque e admirado,

Que por mim foram tocadas,

Que sentiram meu carinho

E meu medo enraizados.

Assumiriam que são cúmplices

Do silêncio, da ausência, do receio,

De tudo que se quebrou,

De tudo que se formou,

Do afeto, das incertezas,

Das soluçōes fáceis e tristes,

Da cura distante do tempo,

Do elo, do sempre e do adeus.

As gérberas não contam segredos.

Mantenho o silêncio como quem é jardim regado.


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

PERFUME NO CHÃO

Perfume no chão

Em pedaços.

Hoje me sinto assim.


Teu beijo, a paixão,

Teu toque,

Teu cheiro nos cacos de mim.

sábado, 7 de setembro de 2024

SONETO DA EUFORIA

Durante alguns segundos o sorriso,
E dentro do sorriso um sentimento
Que nunca imaginara em um momento
Tão curto ser tão vivo e tão preciso!

Durante alguns segundos o afeto,
E dentro do afeto acolhimento
Que trouxe segurança ao sentimento
Outrora tão errante e tão incerto.

Durante alguns segundos euforia,
Um êxtase no peito, uma alegria,
Uma explosão, um bem querer profundo!

Era a paixão surgindo em companhia,
Em forma de ilusão, de uma utopia
Que se findou durante alguns segundos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

POESIA PÓSTUMA XIII

Houvesse corpo a cada queda,
Seria o mundo a cova aberta
De cada ser que um dia fui.

Se ao fenecer sombras houvesse,
A cada passo que se desse
À escuridão que constitui

A trajetória destas mortes,
Seria a sombra a eterna sorte
De quem jamais viveu demais.

De morte em morte que vigora
Não há certezas no agora,
Não há clarão que sele a paz.

domingo, 1 de setembro de 2024

TRAJETO

Até onde for
O que for
É bem-vindo.

Ao que tudo é cor,
O que é dor
Será findo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

MEU BRINDE

Seja meu copo,
Meu álcool,
Meu vício.

Seja minha dose
Depois
Do ofício.

Seja meu porre
Que afoga
O suplício.

Seja meu fogo,
O incêndio
No início.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

SONETO ADOLESCENTE

Como adolescentes envolvidos
Dentro de algum conto de cinema,
Sem que houvesse aviso, numa cena,
Um abraço longo, um beijo tímido.

Fez-se a nossa estreia memorável!
Um sucesso de bilheteria
Reservado à nossa companhia:
Uma audiência irretocável!

Ao sentir-me assim, tão encantado,
Como adolescente fascinado
Pela história que mal conhecia,

Fiz-me já teu fã enamorado!
E quanto ao destino a ser traçado,
Confio ao roteiro que se cria.


segunda-feira, 18 de março de 2024

A SÓLIDA EXCEÇÃO

Nenhum motivo
Para poesia,
Exceto
Teimosia.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

A CONTÍNUA INSPIRAÇÃO

Há dias em que está tudo bem:
Sorte!
Há outros em que a poesia
Vem forte.

INFINITAS MILHAS

Nunca te encontrei
Pra te chamar de amor.
Mesmo assim te amo,
Seja como for.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

NICHO

Ninguém me lê.
A poesia é um nicho de desamparados.
Empoeiro no canto
Junto a poetas mal-amados.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

POESIA VOLÁTIL

Volátil é meu riso que cessa,
Também meu lamento calando,
A força que vai aumentando
E que sem aviso regressa.

Volátil a coragem que surge,
Receio que toma meu peito,
Aquilo que nunca foi feito
E toda conquista que urge.

Volátil é a vida que segue!
Que meu caminhar me carregue,
Que sopre ao céu o que sou!

Pois sou um suspiro bem breve,
O peso do mundo mais leve
Que a vida volátil versou.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

TUDO O QUE NÃO VIVO

É lindo
E eu aprovo
Tudo aquilo que não vivo!
Contanto que o verso
Me ofereça
Algum alívio.

domingo, 9 de abril de 2023

CANÇÃO EM QUADROS

Quero emoldurar como um quadro
Aquele teu beijo em meu rosto
Qual nenhum artista o faria!

Quisera eu - Quem me dera! -
Que minha boca pudesse
Servir de tua galeria.

sábado, 8 de abril de 2023

SEU OLHAR FOI MEU

Seu olhar foi meu
De um jeito ou de outro:
Se não era a mim quem via,
Se sou louco,
A certeza que havia
Ainda há pouco
Era meu olhar no seu
Num encontro.

segunda-feira, 6 de março de 2023

HAIKAI DO TEMPO

I

Relógio segue.
Nesse curso das horas
Ampulheto-me.


II

Ponteiro corre.
Amanheci de novo,
O sonho morre.


III

Algo desperta
Entre o que finda agora
E o que começa.


IV

A folha secou
Bem ao pé da árvore
E então ficou.


V

Eu criei raiz:
Finquei na folha branca
E lá me refiz.

RESOLUTIVO

Com tantas marcas na lembrança
E tantas outras que virão,
Às vezes não ser nada cansa,
Às vezes é a solução.


sábado, 25 de fevereiro de 2023

DAS MARCAS QUE DEIXAMOS

Na pressa do alívio
Há rastros deixados,
Pegadas corridas,
Momentos calados.

Na pressa da vida
O toque é invisível,
O feito se torna
Irreconhecível.

Na pressa da cura
Morremos por dentro
E o que florescemos
Se perde no vento.

Na pressa do verso,
Poeta é espinho
E a ferida aberta
Aponta um caminho.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

QUANDO O PEITO ESVAZIA ou TÃO LOGO EU DESCARREGO

Todo vão que vem
É voo.
Se paro em meio ao cheio,
Ao chão.
Rastejo sem espaço,
Ao passo
Que o que se esvazia
É vazão.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

BAGAGEM AFORA

Onde não caibo, sobro.
Onde me sobro, excedo.
E se me excedo, surjo
Maior do que me vejo.
E se me vejo, existo
E quando existo, sinto.
E se me sinto, eu peso
Como me pesa o mundo.
E se sou mundo, vago
Os meus espaços. Dentro,
São como espaços vagos
Para o que em mim me excedo.
E se me excedo, surjo.
E quando surjo, existo.
E meu espaço é o mundo
Que carrego comigo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

DO OUTRO LADO

Eu vi com pesar Brasília destruída,
Eu vi nos jornais o caos acontecendo,
Como se a Justiça fosse fenecendo
Pela ignorância agora admitida.

O ímpeto vil da massa corrompida
Tentando calar nossa Democracia
E a sufocar com sua covardia
Todas as conquistas ora atingidas.

Seria, por certo, o caos em sua essência
A fazer do dia um mal sem precedência,
A causar horror de forma inconsequente,

Mas o dia trouxe a sua companhia!
Fez o caos cessar num passe de magia,
Fez o amor crescer inexplicavelmente!




sábado, 31 de dezembro de 2022

CAFÉ QUENTE

Meio-termo?
Os lábios
Não merecem.
Café e afeto mornos
Não aquecem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O TOQUE

Sei que parece inacreditável,
Mas eu vi o que aconteceu:
Uma Borboleta tocou o Mar
E todo o Mar se derreteu.

domingo, 20 de novembro de 2022

POESIA PÓSTUMA XII

Nova morte é o que me resta.
Poema feito,
Velório em festa!

terça-feira, 15 de novembro de 2022

VITÓRIA

Fracasso é quase tudo
Que a própria vida é.
Ser vitorioso
É fracassar em pé.