O OURO DA MISÉRIA
Por Mao Punk: Decidi divulgar poesias minhas por email para alguns amigos. Uma amiga, LOah, criou esse blog com tais poesias e me permitiu editá-lo. VALEU,LOAH! Você me ajudou a expandir a expressão! Eis poesias que escrevi entre 2006 aos dias de hoje. Estão fora de cronologia,mas a expressão é livre para isso! Mais uma vez, valeu, LOah! E obrigado a todxs que leem o blog! Sem vocês a expressão ficaria limitada! PAZ E ANARQUIA!
segunda-feira, 21 de abril de 2025
SAUDADE É UMA GÉRBERA MORTA A PERFUMAR
No rosto que não sabe nadar;
É como o ar nos pulmões
De um vento que não pode soprar;
É um aperto sentido no peito
Sem mãos para se segurar.
O embate do corpo com o mundo,
Mas sem que se possa apartar.
É uma casa decorada
Que não pode servir de lar;
É o que nunca mais acontece,
Mas que nunca deixa de estar.
terça-feira, 8 de abril de 2025
DISTIMIA III
Antes fosse o povo reprimido e mudo,
Quem me dera fosse apenas a certeza
Mas além do exposto há uma dor ilesa
quarta-feira, 12 de março de 2025
SONETO DE CONTEMPLAÇÃO
Se supostamente o dia se findasse
Sem que eu tivesse visto tua beleza,
Ao cair da noite haveria tristeza
E seria como se o peito parasse.
E por trás dos olhos, quando se fechassem,
Seria o vazio e o fim da natureza:
Uma imensidão de tédio e de frieza,
Como se enxergar o resto não bastasse.
Seria melhor que o mundo se acabasse,
Pois não haveria causa que restasse
Para a luz do meu olhar ficar acesa!
Se tua beleza aos olhos me faltasse
Seria como se a vida se apagasse:
Uma existência sem qualquer riqueza!
sábado, 5 de outubro de 2024
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
CALENDÁRIO
Como naquele em que surgi,
Talvez como no dia
Em que surgiu o amargo,
Que nem sequer sei quando,
Mas era um dia assim,
Como no dia em que surgiu a luz,
Talvez num dia
Como surgiu o vento
- E o vento correndo como corre o dia -
Talvez num dia à toa
Como imagino ser
Quando surgiu a fala, a palavra, o eco,
Um dia assim, de chuva
Ou mesmo um dia outro
Em que o Sol explodir,
Em que a terra engolir,
Em que o Ártico inteiro
Comece a derreter,
Num dia como hoje
Ou como amanhã,
Talvez na distração
De um dia qualquer
Eu passe e o dia não.
domingo, 29 de setembro de 2024
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
DISTIMIA
Fogem! Nunca vi igual!
As moléculas se safam!
E a glândula pineal
Aparenta ter cansaço
Remetendo-me a outro plano.
Acuda-me deste embaraço,
Por favor, triptofano!
Que meu corpo se aproveite
Ao notar tal triste sina
Do quanto lhe for deleite
Da tal piridoxina.
Seja tanto quanto pode!
Mas se a força me for vã,
Para o quanto for preciso,
Vinde, escitalopram!
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
ANTES PENSAVA NELA
Antes,
Com a mente aflita,
Pensava nela
Demais!
Agora,
Com mais clareza,
Penso nela
Ainda mais!
terça-feira, 10 de setembro de 2024
GÉRBERAS
Se as gérberas contassem segredos
Falariam dos meus olhos,
Dos suspiros escutados,
Do toque do rosto ao sentir o perfume,
Contariam, envergonhadas,
Que o perfume em minha roupa
Que o abraço me deixou
Era bem mais perfumado
Que qualquer jardim de flores
Que pudessem conhecer.
Contariam meu apreço
Pelos gestos de carinho,
Falariam que me viram
Inda em choque e admirado,
Que por mim foram tocadas,
Que sentiram meu carinho
E meu medo enraizados.
Assumiriam que são cúmplices
Do silêncio, da ausência, do receio,
De tudo que se quebrou,
De tudo que se formou,
Do afeto, das incertezas,
Das soluçōes fáceis e tristes,
Da cura distante do tempo,
Do elo, do sempre e do adeus.
As gérberas não contam segredos.
Mantenho o silêncio como quem é jardim regado.
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
PERFUME NO CHÃO
Perfume no chão
Em pedaços.
Hoje me sinto assim.
Teu beijo, a paixão,
Teu toque,
Teu cheiro nos cacos de mim.
sábado, 7 de setembro de 2024
SONETO DA EUFORIA
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
POESIA PÓSTUMA XIII
Seria o mundo a cova aberta
De cada ser que um dia fui.
Se ao fenecer sombras houvesse,
A cada passo que se desse
À escuridão que constitui
A trajetória destas mortes,
Seria a sombra a eterna sorte
De quem jamais viveu demais.
De morte em morte que vigora
Não há certezas no agora,
Não há clarão que sele a paz.
domingo, 1 de setembro de 2024
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
MEU BRINDE
Meu álcool,
Meu vício.
Seja minha dose
Depois
Do ofício.
Seja meu porre
Que afoga
O suplício.
Seja meu fogo,
O incêndio
No início.
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
SONETO ADOLESCENTE
Como adolescentes envolvidos
Dentro de algum conto de cinema,
Sem que houvesse aviso, numa cena,
Um abraço longo, um beijo tímido.
Fez-se a nossa estreia memorável!
Um sucesso de bilheteria
Reservado à nossa companhia:
Uma audiência irretocável!
Ao sentir-me assim, tão encantado,
Como adolescente fascinado
Pela história que mal conhecia,
Fiz-me já teu fã enamorado!
E quanto ao destino a ser traçado,
Confio ao roteiro que se cria.
segunda-feira, 18 de março de 2024
terça-feira, 26 de setembro de 2023
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
NICHO
A poesia é um nicho de desamparados.
Empoeiro no canto
Junto a poetas mal-amados.
segunda-feira, 17 de julho de 2023
POESIA VOLÁTIL
Também meu lamento calando,
A força que vai aumentando
E que sem aviso regressa.
Volátil a coragem que surge,
Receio que toma meu peito,
Aquilo que nunca foi feito
E toda conquista que urge.
Volátil é a vida que segue!
Que meu caminhar me carregue,
Que sopre ao céu o que sou!
Pois sou um suspiro bem breve,
O peso do mundo mais leve
Que a vida volátil versou.
segunda-feira, 10 de abril de 2023
TUDO O QUE NÃO VIVO
E eu aprovo
Tudo aquilo que não vivo!
Contanto que o verso
Me ofereça
Algum alívio.
domingo, 9 de abril de 2023
CANÇÃO EM QUADROS
Aquele teu beijo em meu rosto
Qual nenhum artista o faria!
Quisera eu - Quem me dera! -
Que minha boca pudesse
Servir de tua galeria.
sábado, 8 de abril de 2023
SEU OLHAR FOI MEU
De um jeito ou de outro:
Se não era a mim quem via,
Se sou louco,
A certeza que havia
Ainda há pouco
Era meu olhar no seu
Num encontro.
segunda-feira, 6 de março de 2023
HAIKAI DO TEMPO
Relógio segue.
Nesse curso das horas
Ampulheto-me.
Ponteiro corre.
Amanheci de novo,
O sonho morre.
III
Algo desperta
Entre o que finda agora
E o que começa.
IV
A folha secou
Bem ao pé da árvore
E então ficou.
V
Eu criei raiz:
Finquei na folha branca
E lá me refiz.
RESOLUTIVO
sábado, 25 de fevereiro de 2023
DAS MARCAS QUE DEIXAMOS
Há rastros deixados,
Pegadas corridas,
Momentos calados.
Na pressa da vida
O toque é invisível,
O feito se torna
Irreconhecível.
Na pressa da cura
Morremos por dentro
E o que florescemos
Se perde no vento.
Na pressa do verso,
Poeta é espinho
E a ferida aberta
Aponta um caminho.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
QUANDO O PEITO ESVAZIA ou TÃO LOGO EU DESCARREGO
É voo.
Se paro em meio ao cheio,
Ao chão.
Rastejo sem espaço,
Ao passo
Que o que se esvazia
É vazão.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2023
BAGAGEM AFORA
Onde me sobro, excedo.
E se me excedo, surjo
Maior do que me vejo.
E se me vejo, existo
E quando existo, sinto.
E se me sinto, eu peso
Como me pesa o mundo.
E se sou mundo, vago
Os meus espaços. Dentro,
São como espaços vagos
Para o que em mim me excedo.
E se me excedo, surjo.
E quando surjo, existo.
E meu espaço é o mundo
Que carrego comigo.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2023
DO OUTRO LADO
Eu vi nos jornais o caos acontecendo,
Como se a Justiça fosse fenecendo
Pela ignorância agora admitida.
O ímpeto vil da massa corrompida
Tentando calar nossa Democracia
E a sufocar com sua covardia
Todas as conquistas ora atingidas.
Seria, por certo, o caos em sua essência
A fazer do dia um mal sem precedência,
A causar horror de forma inconsequente,
Mas o dia trouxe a sua companhia!
Fez o caos cessar num passe de magia,
Fez o amor crescer inexplicavelmente!