O mundo se faz não só de trovas,
O mundo é mais turvo, bem mais torvo,
O mundo é espanto, o mundo é torto.
O mundo é tortura, é dura, é cova.
Humores do mundo, sem amores.
Amores da vida, só rancores.
As cores do dia dançam dores,
As dores da vida brindam morte.
Quem inda se espanta, sangra tudo.
Quem inda se espanta não se estanca.
Quem estanca espanto, as dores tranca.
Quem tranca desgosto desfaz luto.
Não há nisso tudo o que não valha.
Não há nem sequer o que não sirva.
Não há neste mundo quem não siga
E nunca tropece em meio à estrada.
E nunca tropece em meio à estrada.
E assim, de tropeços, torpes erros,
No errante compasso em que me faço,
Se julgo ou se agindo sou julgado,
Nenhuma justiça será feita.
E que não se espere esta justiça!
Pois nada a atiça. E quanto a nós,
Seremos errados toda a vida,
Seremos da vida o próprio algoz.
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