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domingo, 6 de novembro de 2011

LUTO RABISCADO

Não há para o poeta algo mais denso
Que suportar o peso do vazio.
Cem ferros houvesse - mais cem, mais mil - !
Seriam plumas entre o vão intenso

A agraciar este meu espaço vago,
A dar qualquer resquício de poesia.
Mas não há ferro algum que poderia
Pesar tão mais que este vazio que trago.

Pois perco tudo, o tempo, até a vida,
A lamentar o vão que me castiga,
A arriscar versar. Aqui confesso

Que aos poucos, dia a dia, inevitável,
Encontro-me em estado lastimável,
Enterro a poesia com meus versos.

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