Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

SONETO DE RENOVAÇÃO

Acordo aflito. Assim são esses dias!
Eu tenho amanhecido atormentado.
Levanto sem saber de meu estado,
Tentando compreender minha agonia.

É uma angústia que eu não poderia
Imaginar rondando este meu fado.
Assim eu passo o dia agoniado,
Assim encaro a dura noite fria.

E tanto refleti sobre o que havia
Que ainda refletindo arriscaria
Dizer este palpite impressionado:

Se acordo e penso em ti dia após dia,
E passo o dia assim – quem negaria? –,
Eu desconfio estar apaixonado!


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CHAMADO

Sentir que a vida é boa?
Nunca pude!
A vida não é algo a se exaltar.
Mas quanto mais a vida
Me ilude,
Mais sinto a resistência
A me chamar.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

INALCANÇÁVEL

Nada além do de sempre,
Do nunca. Do tudo que se perde.
Nada além do encontro do que se perde
Com o que não há de ser, jamais.
Por quase três décadas o espelho nunca foi mágico

(Apenas Quintana me fez, por um momento, acreditar que sim.
E isso durou apenas enquanto o tempo era esquecido nas páginas.
E Isso retorna apenas quando as páginas me afastam do tempo).
O espelho nunca foi mágico, mas foi e é real.

Por quase três décadas, apenas reflexos de quase três décadas.
E o que vejo não condiz com tudo que posso querer.
O que eu quero é menos intenso que o reflexo de quase três décadas.
O que eu quero não consegue me alcançar, 
Pois que não sou eu que não consigo alcançar meus desejos, 
Mas meus desejos é que não me alcançam. Estou inalcançável!

Eu afasto. Sempre afastei. 
E talvez a poesia, o amor, a entrega, a angústia, a amargura,
Talvez essa porção de vida tenha intensificado a questão.
Eu afasto. Afasto mais do que nunca. 
Sei bem o que quero em meio ao não saber o que se pode querer.
Dizem ser muito arriscado lidar com a certeza do incerto.
Quanto a mim, tenho a mais incerta certeza de que nada sei,
Mas sei que estou certo em assim pensar, parece-me.

E por parecer, arrisco. E assim o faço por parecer com algo que o espelho me mostra,
Por parecer décadas clamando novas décadas. 
E parece-me que há marcado, em algum tempo e espaço,
O encontro feliz do que se perde com o que não há de ser, jamais.
Feliz, sim, por arriscar o que poucos tem coragem de tentar alcançar:
Ser inalcançável ao que não se precipita.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

POEMA TERMINAL

No céu, a Lua altiva iluminava.
Parece que se fez para nós dois.
A Lua nos olhava e admirava
E aguardava algo a vir depois.

Mas eu tomei a decisão ingrata,
E não cedi ao que o peito pediu.
Minha palavra ingênua estava dada,
Minha ingênua palavra me feriu.

E eu chorei minha cruel vontade
De estar ao lado teu e te sentir.
O que será que fiz, na realidade?
O que será de mim neste porvir?

Não sei o que fazer com meu desejo,
Nem sei como explicar o que ocorreu,
Mas sei que por não ver o nosso beijo
A Lua se apagou e amanheceu.


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

ANTIFIM

O fim nada mais é senão um tempo,
Um certo tempo dentro de outro tempo.
Mas tudo o que se finda é só momento.
O tempo vai, persiste o sentimento.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

INSULTO

Insulto
Eu me achar seguro
Em meio 
Ao tumulto.



sábado, 7 de fevereiro de 2015

A SEMEADURA DO ADEUS

Só por enquanto.
Depois, nem tanto.
O dia vira,
A vida ensina,
A sina segue.
O riso é breve.
Vem desapego,
Depois, sossego.

Não ria muito,
Pois não te escutam.
Não faça planos,
São só enganos.
Nos fatos dados,
Aprendizado.
Doar-se assim:
Inútil!
E fim.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

INAPETÊNCIA

Pensei demais
Na vida.
Sobrou comida.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

DESANDANÇA

Algo em nós dois desanda
E foge do que é o certo.
E isso me leva à sua boca,
E isso nos traz para perto.


INCOMPATÍVEIS

Não combinamos em nada.
Mas como são boas
As coisas não combinadas!