Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

Visite também meu blog de textos: RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS .
Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

RECADO À MADRUGADA

A Madrugada veio me falar:
"Vá dormir, poeta!
Escrever não cura carência!"

Mais decência, Madrugada!
Um dia te verso só pra dizer
Que eu estava carente
E dormi com você.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

A VONTADE É COMO UM FILHO QUE SE CRIA PARA O MUNDO

Criei a vontade
Que agora me tem.
Devia ser minha
E de mais ninguém.

Mas não é só minha
A vontade que atrela,
Porque a vontade
Que tenho é dela.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

EMARANHADO

Emaranhado estive
Ao frio, a mim, a nós:
Aos nós que fiz nos fios
Nos fios dos caracóis.

Emaranhava os fios,
Calava minha voz.
A paz e eu calados,
Mão a falar por nós.

Falando pelo toque,
Dizendo que entre nós
Há fios que nos conduzem 
A emaranharmo-nos.


sábado, 26 de outubro de 2013

SONETO DAS DORES

Afasta-te da dor, imploro agora,
Que a dor é minha e tu não cabes cá!
Qualquer proximidade a se tentar
Será mais dor surgindo sem demora.

A mim basta este aperto que aflora,
Basta o cansaço de tudo o que há,
Basta a existência vã a se firmar
E toda esta aflição que aqui vigora.

Afasta-te! Faze isto nesta hora,
Um bom conselho nunca se ignora.
Afasta-te que assim tens a ganhar.

Mas de que vale a súplica, por ora,
Se a solidão em si nos apavora? 
... E assim as dores vêm a se somar.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

SE POESIA LEVASSE A ALGUM LUGAR

Se Poesia levasse a algum lugar,
Eu já conheceria o mundo inteiro.
Mas Poesia não faz isso, não!
Ela não nos leva a lugar nenhum!
Ela é quem traz o além até nós.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

VERSOS JOGADOS COMO SEMENTES

Plantei poesia.
Reguei com riso e dor.
Primeiro galhinho que saiu
Foi de esperança.

Continuei a regar
Com água dos olhos
E com saliva que aparece
Quando dá gosto em algo.

Outros galhinhos saíram.
E já vi sementes também!
E continuei a regar.
Até usei adubo do bom,

Aquele adubo
De quando a vida está uma merda.
E a poesia foi florescendo,
Florescendo, florescendo...

E para quem dou as flores no fim?
Deixo no jardim que está em mim.

Se eu quiser, só se eu quiser,
Arranco algum ramo
Que tenha algum tanto
De semente de mim. E então
Se alguém quiser, só se quiser,
Regará este algo qualquer.

Quem sabe eu floresça em alguém,
Quem sabe essa flor a nascer
Seja o jardim que alguém sonhou ter...



domingo, 20 de outubro de 2013

SONETO SIMPLES

Quero amar da forma mais desesperada,
Suspirar como quem perde o ar que resta,
Quero me perder por entre estreitas frestas
De meu coração, das quais farei estrada.

Pois que em meu caminho haja mil ciladas!
Hei de transformar cada armadilha em festa,
Já que a Poesia a cada dor atesta.
Eis que toda dor assim será versada.

E de forma quase que inesperada,
Tudo um dia finda. Antes de acabada,
Toda sensação que passa tão depressa

Há de ser melhor se intensificada,
Pois somente assim será aproveitada!
O inverso é morte e vida já não presta.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

O SOPRO

O sopro que trago no peito
Não sei se é doença
Ou defeiTUM TU Sss...

Talvez seja a poesia
Cochichando versos
Para o coração;

Ou é o coração suspirando,
Poetizando
O que um dia acabará

Para que seja eterno
O que não dura
Para sempre.

O sopro que trago no peito
Doutor aconselhou
Que eu verifique.

Mas diga, doutor:
Há cura para a poesia?
Que não haja jamaiSss!


sábado, 5 de outubro de 2013

FILOSOFIA SOBRE O AMOR EM FORMA DE POESIA

Penso em rever meu conceito sobre o Amor,
Talvez porque o Amor não tenha conceito.
Pude estar errado o tempo inteiro sobre o Amor,
Talvez porque o Amor nunca está errado.

O errado sou eu, que criei conceitos.
O errado sou eu, que não admito que o Amor
– Ah, o Amor! –,  o Amor é mais livre que eu!
E sou tão tolo que não percebi, ao redor,
O Amor sempre por lá, por aqui, por aí...

Se a poesia que vivo é o Amor que reconheço,
Tudo que fiz de mais profundo era Amor!
Sempre dei Amor em tudo o que pude.

E quando cartas não entregues se calam,
Nas gavetas, nos cadernos, entre folhas,
Então estou calando o Amor próprio,
Já que a escrita é um sentimento íntimo.
Estou calando o Amor que vem de mim,
Estou calando uma carta de Amor!

Amor para quem? Para outrem? Para mim?
Nada importa! Nada disso interessa,
Pois é somente o Amor quem decide
A grandiosidade de si mesmo.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

INESGOTÁVEL

Deixar uma parte de si
Em cada coisa feita
Seria esgotar-se um dia;

Mas sinto-me mais completo
Se deixo uma parte minha
Nas linhas da poesia.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

EM TEUS OLHOS CARIDADE ou PARA SE LER EM TEUS OLHOS

E se eu lhe dissesse
Que nos olhos teus
Cabem mais poemas
Que nos versos meus?
Cabem mais sorrisos
Que nos próprios risos
Em teus olhos vivos,
Nestes vivos céus!

E se eu lhe pedisse,
Como quem sofreu,
Caridosa ajuda
Destes olhos teus?
Nota-me nos versos,
Neste simples gesto
De me olhar de perto
Pelos versos meus.

Porque nos teus olhos
O que feneceu
Ganharia a vida
Que já se perdeu.
E conseguiria
Tanta poesia!
E assim viveria
O que jamais viveu.

Pois estes teus olhos
Findariam o breu,
Este breu que existe
Nestes olhos meus.
Breu que escurece,
Que a vista anoitece,
Pois o olhar carece
Destes olhos teus!