Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

SONETO DE FESTA

Ria-te! Caçoa-te pela agonia!
Zomba-te por todo pranto que hoje há.
Prepara-te logo para o que, quiçá,
Há de ser a mais horrenda poesia!

Brinda tu o afago desta heresia,
Taças cheias, fartas de lacrimejar.
Festa! Festa! Festa! Vem tu degustar
O sabor amargo, o estrago da azia!

Abandona o sonho tolo que fazia
O teu despertar sorrir com euforia.
É tempo de angústia. Vem tu festejar!

Não importa o riso q'antes se sorria,
Festeja tua dor qual fosse alegria,
Pois se não festejas, alguém o fará.


domingo, 21 de outubro de 2012

TENTE UM VERSO À TOA

Tente um verso à toa
P'ra que não seja em vão
O vão que atordoa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SONETO DE INTEMPÉRIE

Quando alguém me vir chorando, desolado,
Há de ser não mais que o próprio desespero,
Nada mais que aquele desconsolo extremo
Que há tempos fez-se em mim enraizado.

Quando alguém me vir chorando, arruinado,
Há de ser não mais que o peito corroendo,
Nada mais que a dor que há muito vem doendo
E que se fizera em meu tristonho fado.

Tão somente o pranto de um amargurado
Que não conseguiu jamais ser consolado,
Entregue à intempérie do que está vivendo.

Quando alguém me vir chorando, descuidado,
Que não haja espanto! Pois é meu legado
Deixar pelo ar meu rastro de tormento.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

POETEIRO

Sou "poeteiro", como se diz.
Sou do cinco contra um:
Minha mão e o lápis.
É o atrito indo e vindo
Que a mente induz.
Arte!

Sou "poeteiro" das noites solitárias
E das tardes inquietas também.
Sou "poeteiro" de mão cheia,
Cheia de ideias, no vai e vem...

Até suspiro,
Acabo comigo!
Esgoto-me ao toque
Do longo nos finos,

Do longo existir que a mim cabe o fado
Nos finos poemas que tenho ofertado.
Eu sou "poeteiro", daqueles ligeiros:
Se algo inspira, não perco o anseio.

"Poeteiro" vivo,
Estou submerso
No prazer do vício:
Eu gozo mil versos!


sábado, 13 de outubro de 2012

SONETO DOS AFLITOS

Tenho vontade de chorar minha sorte!
Carrego na alma o pranto dos aflitos,
Há no coração de dor milhões de gritos
E no que me resta uma porção de morte.

Há em meu sorriso angústia escondida,
Não que disfarçar me seja necessário,
Mas hei de ocultar lamúria, do contrário
Como intentar sentir a própria vida?

Entretanto, penso neste tolo esforço:
Que feitio terá agir a contragosto
Do que o coração sentir? É puro engano!

Dor tamanha esta a qual estou fadado
Hão de entender somente os desgraçados
Ou quem já amou da forma que te amo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SONETO DA CONTRADIÇÃO

Este respirar que traz vida ao instante,
Em contradição do que estou cá dizendo,
Sufoca-me o peito qual ar se perdendo...
Há algo no ar dos males dos amantes

Que comprime o peito, impede-me, diante
Da sorte dos fatos hoje acontecendo,
De sorrir qual antes eu sorria, vendo
Que não mais possuo a alegria d'antes.

Cada respirar é dor! E meu semblante
Fecha-se em presságio aterrorizante.
Nada remedia a dor que está doendo.

Esta desventura torna o ser errante.
Que contradição cruel, desconcertante:
Morro de amor enquanto estou vivendo!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A POESIA INESQUECÍVEL

Eu falhara! Posso eu estar isento
Desta culpa? Como posso ter vitória
Se a mácula é inata à minha história,
Se tal falha me persegue o pensamento?

Eu falhara! Intentara, em meu lamento,
Esquecer-te, em delírio inocente,
Mas se tento, mais tu vens à minha mente
E à mente mais tu vens quando não tento.

Cá estou, perdido em mim, neste momento,
E a esperança está perdida em desalento!
Por não te esquecer minh'alma fica assim.

Como posso me livrar do sentimento?
És presente em mim tal qual o ar ao vento
Que esquecer de ti é esquecer de mim.