Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todas as poesias aqui presentes foram escritas por Mao Punk.

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Textos que expõem a fragilidade e indecência humanas de forma irônica, metafórica e sem embelezamentos.

terça-feira, 10 de abril de 2012

SONETO DE DESCRENÇA

De que vale, céus!, alguém respirar flores,
Exalar na pele o cheiro de um romance?
De que vale em vida alguém ter ao alcance
Cada estrela altiva e o brilho de suas cores?

De que vale o verso averso a certas dores,
O poema escrito, o verbo e o instante?
De que vale a pena vinda dos amantes?
De que vale tanto suspirar e ardores?

Eu vos digo – o peito feito em dissabores –
Que de nada vale expressar amores
Quando gesto algum parece relevante.

Tudo fere, enjoa, tudo traz rancores,
Este mundo inteiro é feito de horrores,
Nenhum sentimento vivo é importante.

domingo, 8 de abril de 2012

PORQUE SOU POETA

Os beijos não dados
Têm gosto de festa
Em qual fui convidado,
Porque sou poeta!

Pranto derramado
A dor me aquieta
Quando relatado,
Porque sou poeta!

O que é desejado
Não é minha meta
Se não expressado,
Porque sou poeta!

E sou desgraçado
Na glória que flerta
Com dores e fados,
Porque sou poeta!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

MILAGRE ATEÍSTA

Como fosse pão, preciso de meus versos!
Eu não sou cristão, nem Cristo, mas vos digo:
Qual fosse milagre, os versos multiplico,
Não caminho n’água, voo em céu aberto!

Pois os meus poemas tais me santificam!
Sou meu milagreiro a recriar o mundo
E qualquer “inferno”, seja lá quão fundo,
Jamais queimará os versos que edificam.

Sou um deus se tenho uma folha em branco
E algum transtorno que me traga pranto.
Nada agora tem mais força do que eu!

É quando transformo a dor em alegria
Ao anunciá-la como poesia!
Existem milagres feitos por ateus.